Ecletismo?
Foi com orgulho que observei, à distância, o realizar do nosso lema, Esforço, Dedicação, Devoção e Glória, Eis o Sporting. Vi cada uma daquelas palavras ser encarnada por diferentes sectores do nosso clube. Todos, dirigentes, técnicos, atletas e adeptos estão de parabéns. Foi bonita a festa.
Mas a história não termina aqui. As questões principais continuam por esclarecer e por assumir, não só por uma parte dos intervenientes mas por todos os intervenientes. E que questões são essas? O que fazer com o ecletismo actual? O que fazer com peso histórico do ecletismo no universo Sporting? O que fazer com as camadas jovens das modalidades extintas? Que recursos e infra-estruturas existem ou podem ser viabilizadas para o projecto desportivo do Sporting Clube de Portugal?
O primeiro passo decisivo julgo estar dado e ser irreversível, a construção do pavilhão junto ao estádio, mas há problemas em aberto, que modalidades vão ser possíveis de albergar no pavilhão, que lotação, existirá espaço para treinos de formação ou só para os escalões seniores. Estes problemas obrigam a decisões que não serão consensuais, gostava que a discussão fosse séria mas que não abrisse novo(s) motivo(s) de clivagem no interior do Sporting. Os recursos disponíveis são e serão sempre escassos para a ambição de que o Sporting se deve alimentar, este facto não deve fazer com que desprezemos cada realização, cada passo seguro que é dado no caminho certo nasce do esforço de muitos sócios anónimos e a construção de um pavilhão, seja qual for a sua tipologia, é sempre um momento de grande alegria para todos e não de divisão.
Ninguém tem dúvidas que se o Sporting no próximo ano estiver de novo numa final de um torneio europeu em andebol, futsal ou atletismo qualquer pavilhão vai ser pequeno para sentar toda a nossa devoção, mas e durante todo o restante ano? Durante aquele jogo em Novembro entre o Sporting e o Xico quantos espectadores estarão presentes? 50? 200? 1000?
Será racional construir um pavilhão com 5.000 lugares sentados para estar cheio só em três ou quatro jogos por ano (se tanto…)? Não será mais correcto ter uma estrutura junto ao estádio que permita a realização do máximo de jogos possível de diferentes modalidades (seja em que escalão for) e guardar os grandes momentos para casa emprestada?
A minha raiz desportiva é a Associação Académica de Coimbra, por essa razão, para mim, um clube com menos de 10 modalidades é só um rapaz simpático, não é um clube a sério e muito menos uma instituição na qual perca tempo e à qual dedique paixão. Este facto teve muita influência no desenvolver do meu Sportinguismo, na primeira vez que visitei o antigo estádio José de Alvalade fiquei mais impressionado pelo símbolo olímpico que engalanava a tribuna presidencial do que pelo Lito que fazia séries a subir e descer a bancada ali mesmo ao meu lado.
Não tenho grandes dúvidas que foi o excelente trabalho que tem vindo a ser feito nas modalidades que exerceu a pressão definitiva para se partir para a construção do pavilhão. Haverá modalidades que continuarão a ser adiadas, não posso esquecer o trabalho feito no hóquei em patins, que com a carolice de alguns mandaram às malvas as tristezas de não ter apoios, instalações e carinho do público para apresentar trabalho de excelência. E isto é só um exemplo o Sporting teima em não deixar morrer ou em manter vivo e disponível o basquetebol, o rugby, o ciclismo, etc..
Esta matriz desportiva, esta matriz ecléctica está fundida no sangue leonino e independentemente das decisões a tomar no futuro serem contrárias aos seus interesses é a continuidade deste trabalho brilhante que vai tornar a pressão insustentável sobre quem toma as decisões difíceis. Os vários exemplos que vão surgindo possibilitam que se olhe para o futuro com a confiança de que está para breve o renascer da maior potência desportiva nacional em todo o seu esplendor.
Não encaro o futuro pavilhão como um fim, será somente o primeiro pavilhão que estamos a construir (algo que me disseram ser impossível no dia da inauguração do estádio) e acima de tudo será o símbolo do trabalho invisível de muitos sócios que teimam em não deixar morrer o nosso maior património, a saber, mais de 100 anos de Glória desportiva ao serviço do Sporting e de Portugal.
A minha pergunta inicial foi, ecletismo? A resposta só pode ser uma.
Sim, Ecletismo Sempre!
Bom texto.
ResponderEliminarTambém eu gostaria de ver futuras finais a serem disputadas em nossa casa, mas parece-me mais lógico ter uma infraestrutura que consiga albergar mais modalidades todos os dias do que encher num dia e ao longo do ano tenhamos atletas a trabalhar em 5 sítios diferentes!
Quero corroborar o nosso amigo Frederico.
ResponderEliminarDe facto, é um bom texto, LMGM.
As tuas questões só mesmo os nossos dirigentes o poderão responder.
O passo mais difícil está a ser dado (construção do pavilhão). Daqui para frente será o reerguer deste mítico clube.
Far-me-á muita confusão se amanhã não tivermos hóquei em patins nos seniores. Estamos a formar estes meninos para quem?
Espero que seja uma realidade o hóquei. A tal questão do pavilhão não comportar esta modalidade é mais uma situação aberrante.
Espero que não seja verdadeira.
Somos claramente a maior potência desportiva. Não é para todos num só fim de semana estar a disputar 2 títulos europeus em duas modalidades distintas.
Força Mágico Sporting
& sim, ECLETISMO SEMPRE!
abraço
LMGM,
ResponderEliminarComo sabes, sou defensor acérrimo do ecletismo, assim como todos os que aqui escrevem.
Quando dizes:
"Será racional construir um pavilhão com 5.000 lugares sentados para estar cheio só em três ou quatro jogos por ano (se tanto…)? Não será mais correcto ter uma estrutura junto ao estádio que permita a realização do máximo de jogos possível de diferentes modalidades (seja em que escalão for) e guardar os grandes momentos para casa emprestada?"
Não posso concordar.
Primeiro, espero que a lotação em nada influencie a prática da modalidade X ou Y.
Segundo, é verdade que o pavilhão não irá assistir a enchentes em todos os jogos, haverão jogos com assistências reduzidas - principalmente se os horários não forem convidativos - mas o SCP terá que fazer o seu pavilhão com uma capacidade que permita receber o número de Sportinguistas que os grandes momentos chamam, como foi o caso de Sábado passado. Chega de pedirmos uma casa emprestada.
O mesmo raciocínio não se coloca sequer no que ao futebol diz respeito. O estádio não enche - terá enchido alguma vez nos últimos 2,3 anos? - e nunca se considerou a hipótese de fazermos um estádio com lotação para 20, 30 mil pessoas e caso conseguíssemos um brilharete, como em 2005, irmos jogar em casa emprestada.
Acredito que o pavilhão ao lado do estádio, fará com que mais Sportinguistas por lá apareçam para dar o seu apoio. Haja inteligência, e sempre que possível, de colocar os jogos das outras modalidades, no mesmo dia do jogo da equipa sénior de futebol de 11.
Excelente post.
ResponderEliminarE sinto-me dividido em relação ao tipo de pavilhão.
Por um lado, acho que um clube grande como é o nosso não deve andar a pedir pavilhões emprestados.
Mas também percebo que fazer um pavilhão com 5 mil pessoas para encher tres ou quatro vezes por ano, pode não ser viavel.
SL
Pavilhão para 5000 pessoas? Claro que sim.
ResponderEliminarJá tivémos um pavilhão com capacidade para 6000 junto à actual estação do metro e estava muitas vezes cheio e era o nosso orgulho.Porquê?
- os jogos eram antes ou a seguir ao futebol
- criou-se um hábito de assistir nos adeptos que mais tarde, já nem era preciso estar associado a jogos de futebol
Consequências:
- muitos campeonatos de todas as modalidades (chegámos a ser campeões de todas as modalidades)
- Campeões europeus em hoquei naquele pavilhão
- títulos geram mais receitas em bilheteira, publicidade e sponsores
- orgulho de todos os sportinguistas por termos o maior pavilhão de clubes de portugal
LMGM:
ResponderEliminarSe eu percebo bem o que queres dizer a tua dúvida está entre construir um pavilhão "à nossa medida" ou um mais pequeno, tipo solução de compromisso, e aproveitar os recursos "sobrantes" (nunca sobra, só falta, basta ver as contas saídas hoje...) para reinvestir nas modalidades. É obviamente um exercício responsável o que fazes e, bem vistas as coisas, de pouco os valia ter um "pav. atlântico" e não termos modalidades para nele jogarem.
E aceito o exemplo que dás (Chico Andebol, como poderiam ser outros) mas julgo que no teu raciocínio não estás a levar em conta que, na actual situação de "casa às costas" há um divórcio já de muitos anos entre os Sportinguistas e as modalidades, provocadas pela distância. Longe da vista, longe do coração, não é?
Dito tudo isto parece-me que o Sporting deveria equacionar um pavilhão à sua medida em termos de assistência, sem deixar de lado a hipótese de recorrer a casa emprestada para ocasiões especiais. Pela descrição feita, o pav. de Almada até foi pequeno para a final de sábado. Mas como tenho esperança que um pavilhão junto a Alvalade, com os horários devidamente articulados, faria voltar muitos Sportinguistas 5.000 lugares parece-me bom, menos parece-me mau, o óptimo era mesmo o Pav. Atlântico cheio. O bom é inimigo do óptimo, diz o ditado com razão. :)
JVL, a discussão é mesmo essa.
ResponderEliminarPara mim, hoje, posso dizer que foi um erro aumentar a lotação do estádio para satisfazer interesses alheios e com isso ganhar 10 mil lugares que regularmente estão às moscas e perder o pavilhão que estava previsto construir em conjunto com o estádio.
Hoje estariamos a construir o segundo pavilhão dedicado (também) a momentos mais eufóricos, quer em funcionalidade, quer em lotação.
A limitação existe, há um espaço reduzido ou melhor restrito para construir. Vamos supor uma hipotese que é falada em surdina.
Ter uma nave central com 5000 lugares e com um piso que não possibilite a realização p.ex. de jogos de hóquei em patins, ou reduzir a lotação da nave central (ou campo principal) para metade e com a área disponivel ter em paralelo um ringue de patinagem.
Eu perfiro de longe a segunda hipotese. Porquê?
Todos os grandes momentos são normalmente celebrados em estádios/pavilhões alheios (2005 foi um acaso de o clube da casa chegar à final). Se nós chegarmos à final da Liga Europa no próximo ano é em Alvalade que vamos jogar? Haverá poucos Sportinguistas se a final for em Istambul, Londres ou Estocolmo? Faltaram russos em Alvalade em 2005?
Qual é o problema da final da competição europeia que for, de futsal por exemplo, ser no Pavilhão Atlântico? É menos digno ou espectacular?
Vários dos problemas que atravessamos hoje tiveram origem numa megalomania de estruturas. Não deviamos repetir esse erro.
É muito mais importante voltar a criar uma rotina de acompanhamento das modalidades com horários que permitam a realização do máximo de jogos seguidos antes do jogo de maior audiência (o de futebol) que está destinado a ser tarde e a más horas.
Avancei uma lotação de 5000 como número hipotético. A discussão é entre funcionalidade vs lotação e principalmente minorar o tal problema de casa às costas de que fala o LdA.
ResponderEliminarPara mim a lotação, problema que só se aplica em finais, é facilmente resolvido com casas alheias. O trabalho de dia a dia não, para mim seria fundamental o pavilhão minorar esse problema.
Sonho com um Sporting enorme na Europa mas infelizmente acho que em termos de modalidades de pavilhão, tão cedo não voltaremos a ter um "brilharete" como o deste fim-de-semana.
ResponderEliminarObviamente que gostava de poder ter um pavilhão imponente com grande capacidade mas sei que infelizmente é uma coisa de modas. Quantos dos que estavam no sábado em Almada vão regularmente a um jogo de modalidades? Diria que 20-30%...
Mesmo com outros hábitos e diferentes horários, conseguir assistências regulares de 1000 espectadores já seria excelente e como tal, FUNCIONALIDADE terá sempre a minha primazia em relação a estética e capacidade.
SL
Hugo
ResponderEliminarentendo-te perfeitamente. Mas acredito que um pavilhão perto do estádio essa percentagem subirá dramaticamente. Julgo que hoje em dia as pessoas são demasiado comodistas e não estão para ir ver o Sporting a loures, por exemplo.
Assim, perto do estádio acho que a coisa muda de figura. Pelo menos era assim antigamente.
abraço
The Cure,
ResponderEliminarEu cheguei a ir à Nave em dias de jogos do Sporting em 2001/2002 e estavam lá 50-100 pessoas. Daí a minha reticência ...
bem sei, Hugo.
ResponderEliminarpor isso mesmo disse que te entendia :)
o mesmo acontece no futebol. em tempos cheguei a contar pelos dedos o número de espectadores.
vamos acreditar que são casos pontuais. este tipo de conquista galvaniza qualquer um. pelas imagens tive oportunidade de ver muitas crianças nas bancadas. acredito que o bichinho ficou.
quero aproveitar para te dar os parabéns pela aventura na polónia. espero que tenhas experimentado as aguardentes recomendadas pelo jvl :)
alguem ja viu esta noticia do ronny?
http://www.abola.pt/nnh/ver.aspx?id=208061
LMGM,
ResponderEliminarEu percebi que a lotação que falavas era hipotético mas até que ponto é que termos um pavilhão para todas as modalidades, implica "cortes" na lotação do mesmo? Não haverá maneira de termos um pavilhão com capacidade razoável - diria 2500, 3000 - E sem necessidade de "desterrar" alguma modalidade?
No meu primeiro comentário, abordo a questão de estarmos constantemente de casa às costas. Penso que teremos que chegar a um compromisso entre lotação e funcionalidade. Assim como não adianta ter um pavilhão enorme a expensas da modalidade A ou B, não vale a pena termos um "mini"-pavilhão onde se possa jogar tudo mas que ao atingir as 500 pessoas, está esgotado.
Será também importante conjugar os jogos das modalidades com o de futebol, de modo a capitalizar a afluência para apoiar os jogos que decorrerão antes do de futebol.
E já agora, que todas as cadeiras no pavilhão sejam VERDES! Ou verdes e brancas.
Na minha opinião o nosso Sporting devia apostar seriamente nesta questão das modalidades;
ResponderEliminar- Criando internamente dois tipos de modalidades, as amadores e profissionais, isto é, aquelas que se auto sustentam e aquelas que requerem orçamento/despesa por parte do clube, estando inseridas neste lote por exemplo o Andebol, Futsal, Atletismo…
- Investir nas modalidades profissionais já existentes para que possam ganhar regularmente e depois disso apostar a curto prazo no ressurgimento do hóquei sénior e a médio prazo no ressurgimento do basket e volei.
- Construir um complexo desportivo constituído por dois campos, um principal e outro secundário. Com lotações relativamente reduzidas mas como já aqui foi dito quando fosse necessário grandes enchentes, o pavilhão atlântico servia de exemplo. E com dois campos podia-se treinar e jogar ao mesmo tempo por exemplo.
Agora é claro que tudo isto requer investimento e pelas notícias de hoje não me parece que tenhamos grande margem para isso…