Erros meus, má fortuna...
Já aqui disse o que pensava de Queirós. E julgo ser inútil e até injusto lembrar nesta altura Scolari. Se acho que Queirós é um bom dispenseiro, Scolari em Portugal não passou de um convidado que se sentou a uma mesa já posta, comeu do melhor que havia, e foi-se embora sem deixar um legado que valha a pena recordar. E como parece que já ninguém se lembra, é bom recordar que no último Europeu, com um lote de jogadores semelhante, saímos na primeiro jogo a eliminar, jogando igualmente de tracção atrás e sem brilho. Alguém acha que Scolari seria ontem mais atrevido que Queirós?
Ah, e então as bandeirinhas à janela, as procissões atrás do autocarro, os motoqueiros, bandarilheiros? O que isso tem a ver com o futebol? Portugal pode precisar de referências, de heróis ou até de mártires, de Viriato, Martim Moniz, mas o futebol nacional precisa de um seleccionador que perceba como potenciar as qualidades dos nossos jogadores, da mesma forma que a Espanha conseguiu aliar à fúria a eficácia e a mestria dos seus executantes. Aí a diferença entre Queirós e Scolari estará no sotaque.
As palavras de Ronaldo e Deco são sinais de indisciplina? São. Não deveriam ter acontecido e devem ter consequências. Mas representam também a revolta de quem sente que era possível fazer melhor. São o sinal evidente que os jogadores, ou parte deles, não confia na capacidade do seu seleccionador, tal como grande parte de nós, e esse sinal não pode ser esquecido por Gilberto Madaíl. E Ronaldo foi quem mais perdeu com este Mundial, embora a sua postura nos jogos da selecção também não o isentem de culpas.
Era possível fazer melhor? Hoje até Queirós o terá já confessado ao travesseiro. Os erros da convocatória foram-lhe fatais. Pepe, Ricardo Costa, Duda, Danny foram erros de palmatória. As lesões de Bosingwa e Nani funestas. A entrada de Ruben Amorim e consequente lesão muscular foi, no mínimo, caricato. Mas é no modelo de jogo da selecção que reside o problema. Termino os posts sobre a selecção como comecei: que ideias tem Queirós para o nosso futebol? Queirós conseguiu o mais fácil que é desconstruir o jogo adversário, dotando a equipa de solidez defensiva. Mas, como vimos ontem, isso não basta. Saber construir, estender o nosso jogo de uma área à outra é um cabo das tormentas ainda por dobrar.
Concordo com parte do post, mas não concordo com o primeiro parágrafo. O jogo virou após a substituição feita (Hugo Almeida por danny) e a não feita (Pepe por Paedro mendes). E porquê? Porque a Espanha percebeu que o perigo passou a ser menor e atirou-se mais para a frente o que foi agravado pela estado fisico de Pepe! E o que é um facto é que após as substituições (Torres por Lorente e Almeida por Danny) o jogo mudou completamente e Espanha que estava controlada de repente atirouse a nós de maneira furiosa. Foram 5/6 minutos terriveis que culminaram com o golo! Na minha leitura, nós gentilmente convidamos o adversario a atirar-se a nós e eles não se fizeram rogados! Eu acho que o jogo é perdido ali... E depois também não percebo a não entrada de deco e a entrada de Pedro Mendes. Já não fazia sentido entrar Mendes depois de estarmos a perder. Tínhamos de assumir o risco e jogar o unico trunfo alto que tínhamos no banco, a par de Liedson!
ResponderEliminarJG:
ResponderEliminarA mim não me pareceu fazer qualquer sentido a presença do Pepe na equipa, quando tinha o Pedro Mendes e o Veloso. Pepe não é um 6, muito menos nas condições em que está.
Para mim o golo naquele momento foi uma coincidência fatal porque a seguir precisávamos de estender o nosso jogo e não o conseguimos. Mas seria igualmente difícil com Almeida, uma vez que a perder não nos chegava ficar à espera dos espanhóis.
Tal como previra no inicio do jogo, ser-nos-ia muito difícil sofrer um golo e conseguir reagir. Havia demasiada tracção atrás e isso não se muda com um estalar de dedos. E há que admitir que é muito difícil, do ponto de vista psicológico, jogar contra esta equipa de Espanha, que obriga a concentração máxima e tolerância zero a falhas.
Não é nenhum drama perder com eles, muito menos por um zero. O até jogar em contenção com eles, porque é muito mais fácil do que impedi-los de ter a bola. Mas jogando assim, preferindo o contra-ataque, era possível e sobretudo desejável para o nosso orgulho fazê-lo melhor e isso creio que era possível. Se o resultado podia ser outro? Podia, pelo menos seria mais favorável à nossa auto-estima.
Qualquer pessoa percebe facilmente que Portugal perdeu o jogo de ontem porque falhou tacticamente. A saída do Hugo Almeida culminando com os 5 minutos de jogo seguintes infernais por parte da Espanha não têm nada de coincidência.
ResponderEliminarSimplesmente o nosso pseudo-treinador transmitiu ao lado espanhol que se estava a borrar todo ao ponto de, vendo os minutos a passar, tirar o único ponta-de-lança e reforça o meio-campo com um médio…aos 55 minutos de jogo.
É lógico que os espanhóis muito mais audazes e ambiciosos vieram para cima de nós e o resultado foi o que se viu.
Apenas Madail para pensar que este moçambicano radicado em Portugal poderia algum dia estar á altura do grande Scolari…
Contrate-se um treinador a sério e resolve-se logo grande parte dos nossos problemas.
SL
P.s:. Aquando da contratação de Paulo Sérgio, disse na altura neste blog que o sucesso deste á frente do Sporting seria semelhante ao de Queiroz á frente da selecção…Espero estar enganado.
SL
A questão essencial para mim é se era possivel manter o tipo de jogo que estavamos a fazer e ir enervando os espanhois. E penso que era! Depois de estarmos a perder, ficou quase impossivel...O problema é que para mantermos o tipo de jogo que estavamos a fazer precisavamos de os manter em respeito como estavamos a conseguir. Eles também percebiam que com almeida e Cr (mesmo mal) na frente não podiam correr riscos demais e esticar o jogo. Quando Almeida saíu, eles perceberam que podiam finalmente correr mais riscos. A agravar a situação, Pepe explodiu.
ResponderEliminarResumindo e concluíndo, eu acho que a derrota é fruto de uma leitura tactica muito má. Se podíamos perder na mesma? Podíamos! Mas com um pouco de fortuna e paciencia, também podíamos ganhar!
Já agora, ninguém reparou nisso, mas Villa está fora de jogo na jogada do golo. Não perdemos por causa disso, até porque é um fora de jogo milimetrico, mas fica o registo. Até nesse pormenor a sorte nos faltou...Mas também fizemos por merecer a pouca sorte que tivemos. Alias do minuto 7 ao 55 (momento fatal das substituições) as jogadas mais perigosas foram nossas e com um pouco de fortuna...
Também não compreendo o porque de Deco ficar no banco após o golo espanhol. Íamos correr mais riscos e se calhar perder por mais? Se calhar íamos, mas perdido por um, perdido por mil e não compreendo a total falta de ambição mostrada. Uma derrota é sempre uma derrota e Deco era o unico que podia tirar um coelho da cartola...
LdA,
ResponderEliminarJá eu acho que faz todo o sentido relembrar Scolari. É que o legado que ele nos deixou, ao contrário do que dizes, merece ser referido: final do Euro em 2004, meias-finais do campeonato do Mundo 2006 e, mais importante, uma equipa. O que não existe neste momento.
Além disso, foi o próprio CQ que não conseguiu se livrar desse "fantasma", quando no início optou por tecer considerações acerca dele.
As escolhas de CQ, e reportando-me apenas a este jogo:
- leva Pepe quando não tinha ritmo, colocando-o a trinco em detrimento de Pedro Mendes quando este tinha feito 2 bons jogos;
- escolhe Ricardo Costa para lateral direito preterindo os 2 de raíz que tinha;
- coloca CR entre os centrais, já após o ter deixado só na frente, com os restantes jogadores a bombearem-lhe bolas, e antes também para o HAlmeida, numa filosofia de "chutem a bola e ele que invente qualquer coisa"
são demonstrativas do que foi "trabalhado" neste estágio.
Se a nível defensivo estivemos bem, em termos atacantes fomos uma nulidade, com excepção do jogo contra a Coreia do Norte. Marcámos 7 golos mas isto foi conseguido num jogo atípico, em que depois de termos saído a ganhar 1-0 para o intervalo, marcámos golos em curtos intervalos de tempo, aproveitando o maior balanceamento da Coreia do Norte no ataque, em que tudo nos saiu bem. E não fiquei com a sensação que tivesse sido mérito do trabalho do treinador mas sim da qualidade individual dos jogadores.
Nos restantes jogos, limitámo-nos a defender bem e a sair em contra-ataque, usando e abusando de lançamentos longos para o CR para que ele inventasse algo, sem que tivesse por perto quem o apoiasse.
É muito fácil bater no CR mas quem é que ele teve que o ajudasse a construir jogo?
Simão foi uma verdade nulidade ontem e já tinha feito um jogo bastante fraco contra a Coreia do Norte; Danny continua igual, sempre muito perdulário e inconsequente apesar da sua qualidade técnica; as escolhas relativas aos PDL pareceram-me totalmente desajustadas, pois teria feito mais sentido chamar HA para o 1º jogo do que Liedson, devido ao poderio físico da Costa do Marfim, e preferindo o Levezinho nos jogos com o Brasil e Espanha; Pepe a trinco quando deveria ter colocado Pedro Mendes num jogo (Espanha) em que demos a bola ao adversário o que significava correr muito sem ela; dar a bola ao adversário quando nós estamos habituados a tê-la; etc etc etc.
Scolari tinha defeitos? Claro que tinha mas como seleccionador, ganhava ao CQ por KO no 1º assalto.
JG,
ResponderEliminarReparei no fora de jogo de Villa também, assim como no facto de não haver uma única!!! repetição com a imagem parada, de modo a verificar se estava, por muito ou pouco, em situação irregular. Estranho também ninguém ter referido isso nos seus comentários: Tadeia passou o jogo todo, à imagem do que faz nos do SCP, a dizer como é que a Espanha tinha que fazer para nos ganhar.
Quanto à ausência do Deco, e como comentei ontem, só me faz pensar que haviam realmente problemas entre ele e CQ. E mais convencido fiquei, quando ouvi as ridículas justificações dadas pelo nosso seleccionador.
JG: Tb é essa a minha visão.
ResponderEliminarMuito resumidamente, q estou fartinho de sentenças politicamente correctas: Pó caralho com Queirós. Agora estou definitivamente convencido de que CQ é um autentico NBL ('Natural Born Looser'). O que mais doeu nem foram os resultados, foi ver a selecção do meu querido País praticar o 'anti-futebol'.
Obrigado e um bom resto de visionamento do Mundial a todos aqueles que gostam de futebol ofensivo. A partir de hoje apoio os brazucas. Dá-lhe Chunga! :)
Agora, venha 'mazé' um Sporting à Sporting para 2010/2011. FORÇA e mt CORAGEM, PS!
JVL:
ResponderEliminarQuando refiro a legado falo em modelo de jogo e aí não vejo nada que nos tenha deixado. O que Scolari teve em 2004 e em 2006 foi mais e melhores executantes, e mesmo em 2004 teve que emendar a mão e valer-se do trabalho de Mourinho, que teimosamente queria ignorar. Mas, no último Euro, com mais ou menos os mesmo jogadores fez o que Queirós fez neste Mundial: qualificação sofrível e saída no primeiro jogo a eliminar, sem brilho. Esse é o termo mais próximo de comparação, uma vez que da equipa que fez o Euro e Mundial já não havia a mesma qualidade e os jogadores que restam de então estão 6 anos mais velhos. Respeito a tua preferência por Scolari, mas ele e Queirós para mim merecem-se.
Virgilio:
Se gostas de futebol de ataque e de qualidade ficas melhor servido com a Espanha. Não tenho grande fé no Brasil, mas, tal como a Alemanha, são dos que ganham quase sempre.
Já que estamos a falar de selecções, gostava de dizer que simpatizo muito com a selecção feminina polaca de volei!
ResponderEliminarEm relação à nossa, não concordo que o Scolari não nos deixou nada, nem fez muito mais que o Queiróz. A diferença para mim é que o Scolari é um lider, sabe galvanizar os jogadores e os adeptos (percebe pouco de taticas e de modelos de jogo), ao passo, que Queirós é um estudioso do futebol, percebe muito de teorias, mas na pratica é zero.
E pego nesta frase do post: "Ah, e então as bandeirinhas à janela, as procissões atrás do autocarro, os motoqueiros, bandarilheiros? O que isso tem a ver com o futebol?"
Eu acho que tem muito, até por vezes, mais importante que andar a ler livros sobre as novas teorias, técnicas e táticas do mundo do futebol.
Será que não é importante, os próprios jogadores sentirem que tem uma nação ao lado deles, a apoiá-los e a acreditar que podem ganhar??(o que não aconteceu neste mundial).
Não é isso que por vezes defendemos no nosso clube, ter os sócios e adeptos todos do mesmo lado a puxar pelo mesmo, será que isso não dá mais confiança aos jogadores, não lhes dará mais vontade de ganhar...
Os argentinos foram buscar o Maradona porquê? Acho que não foi pelas tácticas e técnicas e modelos de jogo...mas é a minha opinião.
De resto, interessa é o nosso grande amor...
SL
LdA,
ResponderEliminarO Scolari conseguia extrair o máximo de cada jogador e uni-los em torno de um objectivo comum e isso é para mim, o maior legado que ele nos deixou.
CQ colocou-nos a jogar em 4-3-3 com os intérpretes errados e numa filosofia que não se coaduna com o nosso estilo. Modelo de jogo que nos deixa?
"Será que não é importante, os próprios jogadores sentirem que tem uma nação ao lado deles, a apoiá-los e a acreditar que podem ganhar??(o que não aconteceu neste mundial).
Não é isso que por vezes defendemos no nosso clube, ter os sócios e adeptos todos do mesmo lado a puxar pelo mesmo, será que isso não dá mais confiança aos jogadores, não lhes dará mais vontade de ganhar..."
Concordo. É óbvio que é importante essa energia extra. Por algum motivo se fala no 12º jogador, seja nos clubes ou selecção.
LdA:
ResponderEliminarAdmito que sim. Mas talvez por conviver aqui tão próximo dos 'nuestros vicinos' e por conhecer tão bem a raça... não vou com os gajos nem à lei da bala. Assim sendo, AUPA...Brasil!
Melhor: Arriba... Paraguay! Ainda por cima andam umas paraguaias boazudas a dar espectaculo por terras africanas... Qt mais tempos as virmos mais entretido se mantém o torneio. ;)
Abraço.
JVL:
ResponderEliminar"O Scolari conseguia extrair o máximo de cada jogador"
Não me parece. O Ronaldo deste Mundial é em todo semelhante ao Ronaldo do Europeu, pegando no nosso melhor jogador, que é um bom exemplo de desperdício de talento.
"CQ colocou-nos a jogar em 4-3-3 com os intérpretes errados e numa filosofia que não se coaduna com o nosso estilo. Modelo de jogo que nos deixa?"
É por isso que digo que Scolari e Queirós estão bem um para o outro.
Mais do que nos clubes, o sucesso nas selecções reside em grande parte na união dentro do balneário. Um jogador olhar para o lado e saber que o outro vai correr por ele. Ficar claro que há uma causa pela qual lutar. Egos ficam à porta.
ResponderEliminarO maradona tem sido um bom exemplo disso mesmo: não percebe nada daquilo que anda a fazer mas quase todos os jogadores dão tudo por ele.
Com as devidas distâncias, o scolari tem algo disso. Consegue apaixonar os jogadores pela causa, com uma cultura de exigência grande. Os jogadores têm de sentir que não podem pisar o risco antes o fazerem, não é depois.
A grande falha do queiroz, a meu ver, reside aí, na incapacidade de liderar homens. Percebe muito mais de futebol do que o scolari, mas vejo nele um porreiraço culto, que não tem os modos e linguagem abrutalhada que se espera de alguém que ocupa um cargo como o dele. Dá o flanco e há sempre alguém pronto a desferir-lhe o golpe. É um problema.
Preocupa-me mais isso, que se espelha naquilo que o deco achou que podia dizer depois do jogo com a costa do marfim, e o que o menino ronaldo não chegou a dizer mas demonstrou várias vezes dentro de campo, do que outra coisa qualquer, como a táctica ou as substituições.
O queiroz teve as suas falhas, sim, errou nas substituições, mas convenhamos: portugal chegou a este mundial com um potencial ofensivo reduzidíssimo face a grandes selecções como a espanha, que é só a campeã europeia, para quem se esqueceu.
No início da fase de qualificação demos festivais de ataque sem ganhar um jogo que fosse. Acho que o queiroz cresceu como treinador desde então e a selecção tornou-se mais sólida a defender, menos espectacular a atacar, mais preparada para ganhar. Não estava era preparada para perder abre latas como o nani e o próprio bosingwa.
As alternativas não abundam.
Fizemos um mundial digno e caímos aos pés de uma equipa que é muito melhor. Não vejo motivos para dramas. Mas concordo que há coisas por resolver.