O destino dos gémeos siameses
O convite feito a Costinha terá sido, na minha opinião, das melhores decisões até hoje tomadas por JEB, e aqui advogadas muito antes pelo LMGM. Tão boa como má foi, há um ano atrás, manter Paulo Bento. Apesar do “episódio Izmailov”, cujos verdadeiros contornos estão ainda por esclarecer, não posso deixar de salientar as diferenças positivas que se notam na face mais visível da sua acção, que é a forma e o timing usados para comunicar. Isto é ainda mais notório depois do antecessor não ter tempo de assentar - exceptuando sopapos - e Pedro Barbosa ter sido mais silencioso que um mudo, mesmo que a casa abanasse de alto a baixo. E o aparente garrote posto na hemorragia informativa em que se esvaíam os corredores de Alvalade parece ser também de sua autoria. Mas as verdadeiras provas de Costinha estão ainda para vir, com a preparação da época. Para já saúdo a mudança no planeamento dos jogos e adversários, com outra exigência que a dos anos anteriores (Sarilhense; Mafra; Neuchatel; Nice; Paris Saint-Germain; Ol. Lyon; Celtic de Glasgow; Manchester City; Tottenham). Mas a prova de fogo estará na constituição do plantel para a época que se avizinha. Para que a escolha de JEB para a direcção do futebol faça sentido é necessário que Costinha acerte nas decisões.
Por sua vez Costinha depende em absoluto de JEB e dos meios que lhe conseguir proporcionar. Não sei se gostaria de estar na posição do director desportivo. Pelo menos avaliar pela actuação do presidente no ano que agora finda. Este para mim fica marcado por dois episódios paradigmáticos: o Paulo Bento Forever, em que o presidente negligencia os interesses do clube em nome dos laços afectivos com o então treinador. E um episódio que pode bem ser o ex-libris destes 12 meses, que foi a perda da camisola destinada a Bento XVI. Tendo em conta o valor simbólico que atribuímos ao nosso equipamento, a sua perda ou roubo quer dizer pelo menos que ela não se encontrava em mãos capazes de a guardar de forma responsável. Foi isso que senti durante o ano que passou.
Tivesse feito JEB o que prometeu - e para se perceber em plenitude o seu rotundo falhanço é necessário perceber o que o próprio estabeleceu como objectivos aqui, 2 dias depois da sua eleição... - provavelmente viveríamos hoje num cenário mais claro e até mais desanuviado. JEB perdeu tempo e com isso crédito e, consequentemente, força. Mas não perdeu o mandato. E para a história contará muito mais como terminou do que como começou. As recentes mudanças internas (saídas de Salema Garção e Joaquim Neutel, mudanças de lugar de Mário Casquilho e Afra) fazem entender que o diagnóstico demorou mas foi feito e a terapia começa a ser implementada. Aguardo com curiosidade e interesse os episódios seguintes. Estou ciente da importância e da necessidade de êxito de JEB no actual contexto do nosso clube. E por isso espero e desejo, para lá do que me dizem as minhas convicções ou evidências, que já tenha falhado o que havia para falhar.
Bem, com estes jogos todos de pré-época, pelo menos já se ve algumas alterações em relação à epoca que passou (apesar do ano passado termos a pre-eliminatória da champions). E até posso dizer, que animou alguns sportinguistas daqueles mais cépticos.
ResponderEliminar"o Paulo Bento Forever, em que o presidente negligencia os interesses do clube em nome dos laços afectivos com o então treinador." Não concordo, e até acho grave uma acusação destas sem nenhum tipo de provas.
"E um episódio que pode bem ser o ex-libris destes 12 meses, que foi a perda da camisola destinada a Bento XVI." isto sim, um episódio que pensava que só acontecia em clubes da 3º divisão...perdida ou roubada, não souberam escolher a pessoa para guardar com a vida, a camisola do nosso clube.
SL
Caro Dezperado,
ResponderEliminarAcreditas que foram razões puramente técnicas que fizeram que Paulo Bento se mantivesse os tais "quatro meses a mais"?
Sinceramente, acho que foi um pouco comunhão de interesses mais do ponto de vista pessoal do que propriamente institucional.
SL
Hugo, hoje, quem quiser, pode identificar para quem Paulo Bento foi forever e para quem não foi. Não me parece que seja a Bettencourt que essa carapuça sirva, apesar de ter sido ele quem o verbalizou.
ResponderEliminarSó falta chegarmos à conclusão que o PB foi imposto ao pobre do JEB.
ResponderEliminarGrande Hugo
ResponderEliminarClaro que as razões iam além das técnicas, obvio que mantinham uma amizade. O PB saiu pela porta pequena, uma pessoa que foi campeã pelos seniores e campeã pelos juniores, não teve em Alvalade 4 anos como agora parece. Daí ter essa amizade com o JEB, daí o JEB ter ido para eleições com um treinador que ia para além da confiança técnica. Até tenho a convicção que se o PB não continuasse, o JEB não se canditava. Mas então não é só o JEB que tem culpa, temos nós, os 90% que votamos no JEB, porque já sabiamos quem iria continuar a treinar.
Grande abraço
SL
Nove jogos de pré-época, dificuldades em crescendo: gosto, gosto, nada a ver com o desleixo de há um ano em que tivemos quatro joguinhos sem que qualquer deles fosse um teste à altura dos que iriamos enfrentar na champions. Espera-se que seja prenúncio disto: para fazer renascer a onda verde do clube é preciso começar a ganhar ontem, e para ganhar é preciso dar ao paulo sérgio os jogadores que ele (ainda) não tem. Já faltam menos de duas semanas para começar a pré-época, até ver nada. Espero não ter de tirar dali os parêntesis quando isto começar a valer.
ResponderEliminarp.s: alguém sabe como correu a época ao diogo rosado? há algum tempo que é tido como the next big thing e acho estranho ter ouvido falar pouco do que fez no massamá, onde era suposto ter-se evidenciado com maior ou menor dificuldade.
"As recentes mudanças internas (saídas de Salema Garção e Joaquim Neutel, mudanças de lugar de Mário Casquilho e Afra) fazem entender que o diagnóstico demorou mas foi feito e a terapia começa a ser implementada."
ResponderEliminarOra aí está. Se bem que, para o lugar do Afra entrou um sujeito que alguns dizem ser pouco recomendável... Nunca se agradará a todos.
Rui Coelho,
ResponderEliminarNão é só do ano passado,parece-me a melhor planificação talvez dos últimos dez anos...
Dezperado& LMGM,
Compreendo, aceito e acho naturais quaisquer afinidades que possam existir entre o Sporting e o Paulo Bento pelas razões já enumeradas.
Quando referi a "comunhão de interesses", concordando com a afirmação do LdA, mais do que o próprio JEB - que sei que disse aquilo um tanto quanto de boca no coração - sabemos perfeitamente que Paulo Bento & Dinastia seriam um casamento perfeito:
"Um não pede e aceita o que tem, o outro não se esforça muito para arranjar mais e melhor"
SL
Hugo
ResponderEliminar"Um não pede e aceita o que tem, o outro não se esforça muito para arranjar mais e melhor"
Com esta frase resumiste o que aqui se discutia. E acho que também acontece com o Paulo Sergio, aconteceu com o Carvalhal...
É obvio que para um clube que não tem dinheiro, dá mais jeito ter um portuga que sonha em treinar o Sporting, e não vai exigir muitos reforços, do que vir um treinador estrangeiro a exigir o que nós não podemos dar...mas também, acho que a parte técnica de cada treinador, não tem sido posta de parte quando se escolhe (era muito mau se assim fosse). Logicamente, um treinador português sai sempre mais barato do que um estrangeiro, mesmo que tecnicamente sejam parecidos.
O PB além da amizade e da confiança que tinha com o JEB, já conhecia os jogadores, já sabia com que poderia contar, defendia (apesar de não ser responsabilidade do cargo dele) o nosso clube como nunca vi alguns defenderem, o que também desgastou a sua imagem. Além das suas competencias técnicas, que eu julgo ter algumas.
Resumindo, não descurando o passado, acho que temos é de olhar para o futuro.
SL