Tudo isto é triste, tudo isto (não) é fado

 Almas vencidas
Noites perdidas
Sombras bizarras(…)
Tudo isto existe
Tudo isto é triste
Tudo isto é fado

Desde a época de 2005 que tenho acompanhado o Sporting em todos os jogos que realiza em Paços de Ferreira e não me recordo de alguma vez ter visto a equipa do Sporting tão bem respaldada em número e em entusiasmo como ontem. O ano passado, por exemplo, não sei se chegaríamos a 100, numa noite fria do relvado até aos ossos, articulações e ânimo.  Tal como já havia dito a propósito do jogo com os dinamarqueses em Alvalade, encheu-me de tristeza as almas vencidas, a noite perdida, as sombras bizarras que se viam na debandada de Paços de Ferreira. Adeptos que seriam duplamente mal tratados pelo resultado e pelas condições que lhes foram proporcionadas pelo clube organizador. A um preço exorbitante para as condições que oferece, sem disponibilizar bilhetes antecipadamente, e com um perigoso excesso de bilhetes vendido, que só veio agravar as péssimas condições da gamela que é o campo de Paços de Ferreira. O Sporting deveria tomar uma posição inequívoca, exigindo um inquérito que apure as irresponsabilidades cometidas.

Também é verdade que não me recordo de, em nenhum desses jogos, ter visto o Sporting criar tantas oportunidades, mas lembro-me bem de ter visto o Sporting ter sido goleado por 3-0. Foi uma célebre noite, em que os dirigentes de então deixaram a equipa fazer a viagem de regresso sozinha, sem ninguém que representasse a cúpula directiva, colando-se à imagem dos ratos ao sentir as patas molhadas pela água a entrar a bordo, em momentos de naufrágio. Não tem nada a ver com o que quero aqui escrever, mas também não posso deixar de recordar que um desses dirigentes da SAD que fugiu à socapa, sairia meses depois com untuosa indemnização. Se juntarmos a estas memórias de bolso o campeonato em que o adversário de ontem nos ganhou com um golo obtido com a mão,  e das consequências que esse jogo produziu, poder-se-ia pensar que há um fado que nos condena a perecer ante o Paços de Ferreira. Será? Não acredito em sinas, acredito que temos nas mãos o nosso destino e a razão destas falhas só podem ser encontradas na competência ou falta dela, mesmo aceitando o valor imponderável da sorte no desfecho de um jogo de futebol. Mas é verdade que ontem, entre os que abandonávamos o campo,  havia um sentimento de que uma triste e velha sina mais uma vez se havia cumprido, e que o Hugo faz alusão no post anterior.

Sem poder fazer uma análise profunda, uma vez que as condições de visibilidade eram deficientes, há algumas questões que me parecem merecer ser colocadas:

O posicionamento de Carriço: sou em regra contra adaptações e do que vi ontem perdemos um bom central para ficar com um trinco vulgar. Vale a pena continuar a insistir?

Perdemos o jogo na 2ª parte pela sorte que premiou a sagacidade de Rui Vitória, e pela, digamos, “infelicidade” de Paulo Sérgio ao colocar Vukcevic no lugar de Valdés. O agora Simon nunca se dignou a descer em apoio a Evaldo. Por isso, tal como no jogo da Liga Europa, um dos jogadores mais consistente a defender do campeonato passado, parece-se mais com o… Grimi! Desaprendeu ou o segredo está nas opções dos diferentes treinadores? Quando Paulo Sérgio percebeu e colocou Djaló a fechar, já tínhamos sofrido o golo, depois de duas ameaças.

Pelo segundo jogo consecutivo o Sporting desorganiza-se na segunda parte, acabando por sofrer um golo. Ao contrário de Paulo Sérgio, não acredito que isto seja uma questão de carácter. Quem viu, como eu, a equipa perder ressaltos sucessivos, inclinar-se-ia a pensar que há ali falta de frescura física, que é disfarçada no final com o recuo do Paços para defender o 1-0.  E, do treinador, que sentou no banco quando sofremos o golo, à equipa em campo, fica o protesto pela falta de reacção. Na meia hora que se seguiu foi constrangedor ver a falta de uma voz de comando do banco ao relvado, que se revoltasse contra o… fado. Não era para isto que queríamos uma equipa recheada de jogadores experientes?