Azevedo, Izmailov, fracturas e infiltrações
São muito diferentes os tempos de hoje e por isso o paralelismo do exemplo de Azevedo com o “caso Izmailov” pode soar anacrónico. Nos tempos de Azevedo jogava-se por amor à camisola e respeito pelo emblema ao peito. Hoje os emblemas mais respeitados pela generalidade dos profissionais de futebol são os que ostentam nas suas potentes viaturas ou os que exibem nas roupas dispendiosas. E os interesses que se enleiam à sua volta são poderosos, como se viu pela reacção expressa na comunicação social. De infiltrações inexistentes, ao ostracismo a que seria votado o russo por Costinha tudo valeu.
Admito que Izmailov até possa ter sentido o seu brio profissional beliscado. Assim, o local exacto para demonstrar que o julgamento de Costinha havia sido errado era em cada treino e em cada jogo. E se se incompatibilizou com o Director de futebol, não pode esquecer que ele não é o Sporting. O Sporting é um clube centenário, feito de associados e adeptos espalhados por todo o mundo. Nas actuais circunstâncias económico-sociais muitos deles nem justificadamente se podem ausentar do trabalho e outros lutam todos os dias para manter ou conseguir emprego. São esses, os que o idolatram, são esses que ajudam a manter o seu nível de vida e são esses, em primeiro e em último lugar que ele devia respeitar. Izmailov amuou? E os que ainda não conseguiram esquecer esta eliminação evitável? A continuar assim o seu tão propalado profissionalismo transformar-se-à num mito e por razões completamente opostas às que ainda hoje Azevedo é lembrado por nós.
Não sei se Costinha terá agido bem dando tanta transparência ao caso. Mas após o jogo eram já muitos os pormenores "pornográficos" sobre o sucedido. Mas dificilmente este caso terá as consequências fracturantes como o de Stojkovic. E se podemos lamentar que tudo isto tenha sucedido com um jogador tido como exemplar por muitos, temos que concordar que não lhe restava outro caminho se não quisesse penhorar a sua autoridade. É bom saber que não há vacas sagradas e que os "infiltrados" têm os dias contados.
Mai'nada é tudo o que eu tenho a dizer.
ResponderEliminarA ver se acaba a rebaldaria.
LDA,
ResponderEliminarGrande post, e sensacional o "caso" Azevedo que foste buscar ao fundo do teu sportinguismo. Nesses tempos, e com esses "casos" que nós só sabemos por estar na História do nosso Clube e a ela no dedicarmos tanto, poderíamos ter nos atletas uma referência. Hoje, infelizmente os tempos são outros, até "pornográficos". De qualquer modo, permite-me que te diga que não tenho tanto a convicção que deixarão de existir as vacas sagradas. É que hoje as vacas têm etiqueta de qualidade conforme o empresário que as representa. E este problema em minha opinião, tenha ela a justificação que tiver, não passa de uma luta de clãs, onde não existem os bons e os maus. Eu tomo-os todos pela mesma bitola.
Abraço
Faz hoje um ano que o Lucílio nos roubou!
ResponderEliminarSe no caso de Stoi saísse cá para fora através de meios do Sporting que o jogador estava castigado por este ou aquele motivo não teríamos desbaratado um activo do Sporting, até hoje não se sabe bem o que passou e começou o disse que disse. Se tivessem os responsáveis da altura tentado estancar essa situação seria mais facil de resolver.
ResponderEliminarPenso que a postura de Costinha até ao momento foi uma boa postura. Prefiro acreditar em Costinha do que num empresário de futebol ou em jornalistas que só gostam de envenenar o ambiente.
Caro LdA
ResponderEliminarOne of the bests post ever
Desde a memorável fotografia, passando pela forma que o texto está escrito, a mensagem que transmite, até aos sentimentos e memórias que arrebata.
Desculpem a honestidade, até pode parecer um pouco bota-de-elástico, logo eu que não até não sou nada conservador, mas às vezes dou comigo a pensar que deveria ter vindo ao mundo umas décadas antes…
Vivemos tempos em que os valores, aqueles que realmente deveriam marcar-nos, escasseiam. Uma sociedade que privilegia o poder (em sentido lato, mas com o do ‘vil metal’ de forma destacada), apenas e só, sem olhar como é alcançado esse poder. Mais que os podres que observamos todos os dias (a começar na comunicação social que deveria ser um garante de verdade, justiça e imparcialidade), o que me ‘desespera’ é que o desporto e o futebol em particular, que conseguia conservar alguns desses valores, há muito e cada vez mais está a deixar de ser um desses raros redutos aonde nos poderíamos ‘socorrer’.
Era bom que pensássemos todos que apesar de toda a corrupção, hipocrisia, cinismo, materialismo, pobreza de espírito, ignorância, preconceito, que nos rodeia, muitos de nós mantêm o orgulho no Sporting precisamente porque é um clube GRANDE até nos princípios que defende. Podemos perder jogos, campeonatos, mas SE, eventualmente, perdêssemos os princípios pelo que o nosso clube se rege há quase 104 anos, essa sim, seria a machadada final no Sporting. Tb por isto vou estando muito atento à forma que CC tem vindo a ser tratado por determinadas pessoas que, pelo cargo que ostentam, deveriam ter no passado de lisura do SCP um exemplo a seguir em todas as circunstâncias…
E, para além disso tudo ser verdade, a verdade verdadinha, é que viver os anos dourados dos cinco violinos e dos Azevedos, devia preencher-nos a alma leonina de alegria… Viver vitórias recheadas de exemplos destes como o do Azevedo. Digam lá se não sentem uma pontinha de inveja dos nossos pais e/ou avôs?
Gostava ainda de destacar esta passagem:
“Nas actuais circunstâncias económico-sociais muitos deles nem justificadamente se podem ausentar do trabalho e outros lutam todos os dias para manter ou conseguir emprego. São esses, os que o idolatram, são esses que ajudam a manter o seu nível de vida e são esses, em primeiro e em último lugar que ele devia respeitar”
Hoje é tudo demasiado individualizado e o egoísmo sobreleva-se. Alguns craques da bola nem gastam um segundo do seu dia a pensar nos sacrifícios que os adeptos / sócios fazem. Por vezes nem com exemplos ali mesmo ao lado...
Qt a Costinha, repito que hoje sinto-me orgulhoso pelo seu comportamento. E Isso a mim, basta-me.
Mais ma vez, parabéns pelo post Lda: Está excelente.
SL!
"Nas actuais circunstâncias económico-sociais muitos deles nem justificadamente se podem ausentar do trabalho e outros lutam todos os dias para manter ou conseguir emprego. São esses, os que o idolatram, são esses que ajudam a manter o seu nível de vida e são esses, em primeiro e em último lugar que ele devia respeitar."
ResponderEliminarNem mais, qualquer jogador que esteja no nosso clube tem, no mínimo, de ter a noção que há pessoas para quem pagar as quotas e ir aos jogos representa um enorme sacrifício económico. E esta época não tem havido da parte de muitos dos jogadores do clube o mínimo respeito pela instituição que lhes paga o salário, pelos sócios e pelos adeptos.
Quantos são os trabalhadores por conta de outrem que podem chegar ao emprego e dizer "não me sinto confiante para este dia de trabalho", virar costas e ir para casa? É certo que ser futebolista de alta competição não é ter um emprego qualquer, mas se um jogador não sente o clube de uma forma que o leva a, pelo menos tentar, ultrapassar as suas próprias limitações, não tem lugar no Sporting.
Então ouvi dizer que o Salema andou durante todo o dia de hoje por este País fora com epicentro num estádio no algarve a incentivar desacatos e a fazer declarações, como é que se diz, ah, incendiárias.
ResponderEliminarMalandro do Salema.
LdA, bom post, penso que o próximo episódio é a normalização das relações e actividade laboral com o Izmailov.
ResponderEliminarSobre a data já mitica de 16 de Maio, parece-me claro que se pretendem instituir regras claras de funcionamento interno, para os próximos anos, a implementar já podia sempre existir resistência por mudança de regras a meio.
Excelente post não conhecia essa maravilhosa história do Azevedo são exemplos como esse que perduram na história, já o do Izmailov será aparnas mais um de muitos que tem havido do nosso clube.
ResponderEliminarFaço votos que a nova postura do nosso novo DF Costinha consiga quebrar definitivamente este passado/presente inglório e de más recordações e que nos traga um futuro repleto de amor e entrega de quem nos representa neste grande clube.
Eu continuo a pensar que o que me enche mais de orgulho neste clube são os exemplos como o de Azevedo .... com mais exemplos assim de entrega e amor ao clube com maior ou menor dificuldade as vitórias e os titulos surgiram de forma natural.
SL,
Acredito que o bom senso de Izmailov o vai fazer recapacitar e vai voltar a ser o excelente jogador que foi até agora.
ResponderEliminarAgradeço os "cumprimentos". Este post era para ter sido colocado ontem mas, por respeito aos que me antecederam, teve que aguardar no "forno". Resolvi publicá-lo mesmo correndo o risco de massacrar com o mesmo tema os nossos leitores.
ResponderEliminarSou adepto como qualquer um e desde a tomada de conhecimento da noticia que não me consigo conformar com a ideia que um episódio destes possa ter ocorrido precisamente quando "disputávamos a época".
É por estas e por outras meu caro Juvenal que tenho dificuldade em idolatrar estes "monstros com pés de barro" ou defender comportamentos que me deixam imensas reservas.
Pois é Virgilio a nós tem-nos calhado roer os ossos, a carne escasseia cada vez mais desde a década de 40/50.
LdA,
ResponderEliminarExcelente post! Tenho vindo a dizer que o Sporting tem de se dar ao respeito para ser respeitado.
Somos um ninho de víboras onde tudo se sabe e todos metem todos contra os outros. Toca a limpar a casa!
SL
GRANDE, GRANDE post parabéns...
ResponderEliminarSportingforever...
COSTINHA, o BARACK OBAMA de alvalade!
ResponderEliminarmeus caros (e em especial LdA)
ResponderEliminaré com todo o respeito que leio as vossas opiniões, não aceitem como provocação o que a seguir escrevo
Não era paulo bento tido como carismático, autoritário, justo e disciplinador?
Em quatro anos de paulo bento sempre houve casos. Deixará de haver com Costinha? Porquê?
Imaginemos um clube a pedir informações sobre o profissionalismo de izmailov até há uma semana atrás. Que resposta receberia?
Como é que podem evitar casos destes no futuro? O Sporting vai passar a fazer testes psicotécnicos aos jogadores que pretende contratar?
E como é que um caso que era sobre izmailov e a recusa em jogar se transforma num caso sobre bufos?
Esta estória está muito mal contada, meus amigos.
E lamento não ter a vossa crença -- para mim, construir uma equipa de futebol é mais do que berrar muito alto.
kova,
ResponderEliminar"Não era paulo bento tido como carismático, autoritário, justo e disciplinador? Em quatro anos de paulo bento sempre houve casos. Deixará de haver com Costinha? Porquê?"
É mais fácil um director desportivo ser o disciplinador. Repara que a continuação dum treinador está sempre dependente dos jogadores. Ora, se tu castigas jogadores e a tua vidinha depende deles a coisa pode complicar-se facilmente. Toda a gente se lembra do Halmstsds, ou não?!
"E como é que um caso que era sobre izmailov e a recusa em jogar se transforma num caso sobre bufos?"
Veio escrito num jornal que o Costinha tinha dito numa reunião com os jogadores que o Marat nunca mais iria vestir a camisola do Sporting. Não é preciso dizer mais nada, pois não?
Kovacevic:
ResponderEliminarAntes de te responder uma ressalva: a ideia deste post é marcar a minha posição como adepto, demonstrando a minha perplexidade como um caso como este pode acontecer num momento tão importante. E como é tão grande a diferença que separa o amor ao clube e à camisola e o profissionalismo, mesmo que de 1ª água.
Não me parece que o Sporting seja excepção no panorama nacional relativamente a casos de indisciplina. O que me parece é que tudo o que acontece no Sporting sai cá para fora distorcido pela conveniência de quem dá a noticia e ampliado pela comunicação social que tem como missão vender mais do que informar.
Em relação ao tempo de Paulo Bento este caso permite-me pelo menos a satisfação de a disciplina, tal como sempre aqui defendi, ter sido exercida pelo Director e não pelo treinador. Sobre ser carismático, autoritário, justo e disciplinador tenho uma opinião diferente, que para o caso não interessa.
Sobre o profissionalismo de Izmailov o comportamento passado poderá servir como atenuante e nunca como desculpa. Mas deixa-me dizer que a propósito do russo à que distinguir o mito ou o folclore da realidade:
1) diz-se que abdicou das férias para recuperar mais depressa. Conheces algum profissional que não o faça? Não é comum os jogadores em fase de recuperação de lesões graves serem acompanhados por fisioterapeutas, como aconteceu no passado com Liedson, Niculae, e noutros clubes? Não é acima de tudo um interesse do jogador?
2) diz-se que estaria na disposição de abdicar do ordenado enquanto não estivesse recuperado? Fê-lo? E se o fizesse em que é que isso beneficiaria o clube, uma vez que é às seguradoras que cabe pagar os ordenados em caso de lesão?
Parece-me, e isso é outro ponto que este post tenta focar, é que o agente do russo, BArbosa, tem uma grande facilidade em chegar à comunicação social, fazendo com um claro objectivo de inquinar a opinião dos adeptos, como se prova pelas teorias das infiltrações, expulsões do estágio, etc.
Também não é este o estilo que defendo, há demasiado barulho à volta do caso, mas se houve excesso na legitima defesa, ela era porém inevitável - a defesa, não o excesso - a partir do momento em que o caso se tornou público com os contornos a quererem fazer pender a responsabilidade da ausência do russo para o DF.
Também partilho que não sabemos tudo acerca "disto", mas estou em crer que Costinha saberá aprender e que a linguagem dura usada é a necessária para se fazer entender no balneário, mas foi sobretudo usada para fora, para marcar uma posição.
caro Leão
ResponderEliminaro meu ponto é justamente o teu último parágrafo.
o paulo bento fez o mesmo: falava para o balneário em público, usando as conferências de imprensa.
resultou?
Absolutamente notável este post de um blogue cada vez mais notável pela sua independência de pensamento e pelo seu sportinguismo.
ResponderEliminarPedro Carvalho. (Sportinguista do Norte)
Kovacevic:
ResponderEliminarNão gostava do método então, não gosto agora. Entendi-a como uma posição de afirmação que obviamente não se deve tornar em método.