A hora das bestas
Mas o que aconteceu afinal de tão grave? Segundo Dias Ferreira, nada de muita importância. Se Dias Ferreira não se apercebeu da gravidade do sucedido ou procurou retirar o foco das objectivas, na tentativa de assim defender o Sporting, ou de branquear o ocorrido, protegendo os prevaricadores, não sei. Não me parece é que a existência de agressões entre Sportinguistas, que a necessidade de chamar reforço policial e que a triste repercussão que tudo isto teve na comunicação social seja um caso de somenos importância.
Também eu sinto relutância em voltar a assunto tão delicado e que, como Sportinguista, me envergonha e entristece profundamente. Não estamos a falar de derrotas sofridas em campo, mesmo lutando pouco e mal, sejam elas copiosas, como as sofridas ante o Bayern, ou de títulos perdidos em casa ante os rivais. Estamos a falar da derrota definitiva e inapelável do Sporting que de 1906 chegou aos nossos dias. Da morte de um ideal às mãos de aprendizes de mafiosos, mas que destes assimilam apenas o método de infringir derrotas aos Sportinguistas e ao próprio clube.
As agressões que chegaram ao conhecimento público, e ao contrário da versão que se pretende perpetuar, foram tudo menos um acaso ou resultante “apenas” de discussão acalorada resultante de diferenças de opinião. Elas aconteceram de forma selectiva, algumas delas antes da AG se ter iniciado. Visavam seguramente pelo menos intimidar os visados e quem sabe, em última análise, impor-lhes o silêncio.
Neste momento nada acontece por acaso no Sporting. Embora o discurso auto-indulgente tente explicar o insucesso com bolas nos postes - pensando que os Sportinguistas ignoram que os postes existem desde a implantação do futebol e ninguém deixou de ser campeão por causa deles - é bem claro que o insucesso é em si o percurso e não um acidente de percurso.
Também não é por acaso a existência de uma guarda pretoriana, que sobre o pretexto da dedicação e do sacrifício em prol do clube, vivem de côdeas e umas borlas, que trocam por trabalho braçal. (Reconheça-se pelo menos o trabalho benemérito do clube em prol da comunidade. Enquanto nos pesam no orçamento do clube, atenuamos o desperdício do dinheiro dos nossos impostos em contribuições sociais para indigentes.) Mas perceba-se a perversidade do momento do Sporting: não é suficiente ganhar nas urnas é preciso também domesticar as mentes, instalar o pensamento único e calar as vozes incómodas. Esta é a hora das bestas no Sporting Clube de Portugal.
Ingenuamente poderei pensar que estes acontecimentos tiveram lugar com o desconhecimento dos dirigentes em exercício. Mas desde que eles os viram estampados em tudo o que é jornal ou ecrãs de televisão, voltar-lhes as costas, negar a sua existência, desvaloriza-los, ou não querer apurar os factos, é um acto de conivência totalmente inadmissível. Mas não se esqueçam que, tal como alguns que os antecederam, também a hora dos seus “Brutus” pode chegar. Essa é a lógica imposta pela razão da força sobre a força da razão. Constatarei com pena que o fascínio e a bajulação do modelo “pintodacostiano”, nos traz apenas o seu espectáculo de horrores, mas continua-nos a deixar longe do trilho das vitórias.
Não há adjectivos suficientemente fortes ou expressivos para qualificar este tipo de ocorrências. Isto é uma imitação rasca dos métodos usados, quer por Pinto da Costa quer por Vieira, para cimentar as suas lideranças na hora em que os resultados faziam recrudescer a contestação. Isto é travestir de azul e vermelho a história do Sporting Clube de Portugal. Isto não é o Sporting que me seduziu. Isto é o FCP ou o SLB equipados de verde e branco.
Perfeitamente de acordo.
ResponderEliminarPrimeiro que tudo considero um atentado à inteligência.
Depois, parece-me que quem assume actos desta natureza devia ser identificado pelo clube e proibido, no mínimo, de entrar em AG.
Não concordo com a minimização do caso, pelo contrário, devia ter sido falado, exposto e condenado, apurando as responsabilidades e as consequências do mesmo.
Aqui sim, os sócios contestatários com este tipo de argumentos deviam ser perseguidos!!!...
Também me fez lembrar as AG dos porcos e dos corruptos e isso, mais do que tudo, foi o que me envergonhou.
Haverão razões para estes acontecimentos que também não podem ser ignoradas.
É verdade que a primeira razão está inerente à formação e à educação de quem teve esta atitude.
A segunda, óbviamente, tem a ver com o estado do clube que, sendo complicado, gera paixões descontroladas.
A terceira que não pode ser ignorada, tem a ver com a arrogância dos dirigentes. Temos um presidente que deu o exemplo e temos uns dirigentes que não querem ouvir, não querem explicar, não querem ser transparentes e a somar, ainda são incompetentes. E isto também revolta as pessoas.
Contudo nada pode justificar a violência! Nada pode justificar descer tão baixo.
Quem mais perde, no meio destas agressões é o Sporting!
SL
Texto bastante duro mas que toca em alguns pontos que ninguém parece querer abordar: uns por taticismo e outros por falta de coragem, agora dizerem que não viram é que me parece de todo censurável pois o pior cego é mesmo o que não quer ver e o Dr. Dias Ferreira voltou a ficar muito mal na fotografia e tem ultimamente queimado muito do crédito que ainda lhe restava junto de um grande número de sportinguistas pela sua frontalidade.
ResponderEliminarO que o DF disse à saida não fugiu muito do que os outros disseram, retirando o Bessone Bastos que fez questão de bufar tudo cá pra fora.
ResponderEliminarDF tentou minimizar os acontecimentos para a comunicação social, porque no dia a seguir, e quem esteve lá, tem a perfeita noção que as noticias foram extremamente exageradas.
DF disse o mesmo que o Presidente da AAS e não me digam que o presidente da AAS também é um comprado por esta direcção.
De resto, como é obvio, repudio qualquer tipo de manifestação daquele sentido.
SL
Leão de Alvalade,
ResponderEliminarO texto é sobre o que viu ou sobre o que ouviu ...!?
A ser verdade é muito grave, já hoje li algures a "insinuação" por parte do PPC, mas como a ele não lhe dou grande crédito ... !!!
Tive um grande amigo meu presente na AG que me relatou o sucedido com sendo um mero desentendimento entre 2 sócios ... foi o que ele viu e relatou no seu Blog.
Não julgue que dúvido do que escreveu mas como disse e bem no sei último paragrafo este não será o nosso Sporting Clube de Portugal.
SL,
O desentendimento dois sócios mas a indignação foi geral na sala após a agressão e aí é que houve o maior alvoroço.
ResponderEliminarLdA,
ResponderEliminarNa AG, apesar de algumas pessoas mais exaltadas e algumas trocas de "mimos" (o consócio que iniciou a cena de pancadaria vem hoje na capa do CM lamentar o sucedido), não houve desacatos de maior nem AG à lampião como os meios de comunicação social teriam adorado. A situação do clube é difícil e os problemas que aconteceram não são de estranhar numa reunião de 900 pessoas numa sala para discutir algo com tanto de irracional como é uma paixão clubista.
A questão focada em que as claques se transformaram em guarda pretoriana não é de hoje, tem a ver com a própria complacência / cumplicidade de quase todos os clubes com o fenómeno das claques organizadas e da violência muitas vezes a elas associado (basta lembrar o jogo com o At. Madrid e o silêncio do clube), daí a serem "watchdogs" do regime é um passo, em contrapartida, são agraciados com dádivas gentis de quem momentaneamente ocupa a cadeira do poder. Esse perigo pode distorcer levemente a democracia no clube, mas não me parece que ponha em causa ou impeça a liberdade de expressão ou de oposição no clube, aliás, se houve coisa que ficou bem clara nesta AG é que há vozes manifestamente discordantes, mas não há, na prática, uma oposição mobilizadora, tendo os sócios dado apenas um "cartão amarelo" à direcção. Parece-me também que ficou claro que a direcção tem de ter presente que as torres de marfim são perigosas, pois isolando quem decide impede que se teste a verdade das suas opiniões em confronto com a dos outros, o que pode ser fatal a médio prazo.
A minha opinião é que, em alguns domínios, o Sporting é novamente mais Sporting (sócios e núcleos, modalidades, vontade de resolver a questão do pavilhão), mas ninguém pode deixar de admitir que o futebol do clube, que é o seu grande factor de mobilização, tem sido um enorme oceano de equívocos, erros e falhas que não se resume a umas bolas ao poste, mas que resulta, isso sim, da falta de conhecimento e/ou experiência de quem comanda os destinos do futebol do clube.
Saudações Leoninas.
A maioria dos relatos da AG não esclarecem se os actos de violência resultaram de meros desaguizados entre 2 ou pessoas ou, premeditação.
ResponderEliminarMas com coisas medonhas como esta:
http://fontesegurascp.blogspot.com/2010/10/alguns-nunca-perdem.html
... e o pobre, mesquinho, fraco, ressabiado, acantonado espírito por trás dessas palavras que dão eco e fazem a defesa não do Sporting mas sim dos que se sentam nas cadeiras de poder do Sporting, a inclinação para que se acredite em A em detrimento de B é demasiado tentadora.
Verificar o género de alminhas que fazem a defesa de uns quantos incapazes que tanto maltratam o Sporting é suficiente para se perceber que aquela gente e tudo o que dali advenha não tem defesa possível.
Há que agradecer aos vários revisores, leaos, vets e habituais insuficientes do costume. São mais úteis e esclarecedores do que aquilo que podem imaginar.
Sobre o Dias Ferreira, sou infelizmente mais um daqueles que não olha para ele da mesma forma, porque é impossível aprovar aquilo a que ele se colou. O ali ter-se colado, torna-o evidentemente cúmplice e responsável. Infelizmente, porque sempre gostei da sua pessoa.
Caro LdA,
ResponderEliminarExcelente o seu artigo, como sempre. Tem a coragem de ir ao fundo das questões e de denunciar com que métodos é que se perpetua um poder manifestamente incompetente, ainda que paradoxalmente sempre sufragado pelos sócios, e portanto legitimo, durante longos 15 anos.
Só para que conste, as cenas lamentáveis que se passaram na AG ocorreram exactamente quando eu próprio discursava. A minha intervenção pautou-se - como faço questão- pelo respeito e objectividade que o Sporting Clube de Portugal sempre me merece, não havendo nela qualquer insulto ou apelo violento.
No entanto a minha intervenção foi interrompida pelos insultos e ameaças dum sócio que eu bem conheço (Ricardo Cazal-Ribeiro) não tendo eu expressado qualquer reacção até porque me recuso a descer a esse nível.
Sei agora que foi esse patético episódio que esteve na origem de todos os desacatos e das cenas lamentáveis que só podem manchar o bom nome do clube, já de si tão espezinhado por estes dirigentes. Lamento profundamente, mas não podem ser assacadas quaisquer culpas ou responsabilidades à minha pessoa.
Esse sócio devia ter mais respeito não só por mim, mas pelos restantes sócios e órgãos sociais, não só porque tem "responsabilidades acrescidas" quanto à sua conduta clubistica, mas também porque devia mostrar mais respeito sobretudo pela sua família que muito fez pelo SCP. O seu avô Francisco Cazal-Ribeiro foi Presidente do nosso clube.
Enfim, as acções ficam com quem as pratica. Lamentável, mas bastante sintomático e simbólico dum certo toque de finados dum Sporting que não irá deixar boas memórias aos Sportinguistas...
Se quiser terei todo o gosto em enviar-lhe a titulo pessoal o meu discurso, desde que não publique.
Saudações Leoninas
Sérgio,
ResponderEliminarTudo o que aqui está escrito, foi confirmado anteriormente.
Luís,
Estive na AG e gostei bastante da tua intervenção. Quando o nome surgiu no écran, fiquei a pensar se seria a mesma pessoa que aqui comenta. Disseram-me depois que sim.
Os meus parabéns pelo discurso, pena que tivesse sido interrompido.
Morreu o "Big Mal". Que esse grande Leão descanse em paz.
ResponderEliminar10A,
ResponderEliminarJá tinha lido mas obrigado pela informação. Assim que alguém possa, prestaremos homenagem a esse grande Leão.
"jvl disse:
ResponderEliminar...Os meus parabéns pelo discurso, pena que tivesse sido interrompido."
Falta acrescentares:
... como habitualmente.
Para os menos atentos ao que escrevi:"As agressões que chegaram ao conhecimento público, e ao contrário da versão que se pretende perpetuar, foram tudo menos um acaso ou resultante “apenas” de discussão acalorada resultante de diferenças de opinião. Elas aconteceram de forma selectiva, algumas delas antes da AG se ter iniciado. Visavam seguramente pelo menos intimidar os visados e quem sabe, em última análise, impor-lhes o silêncio".
ResponderEliminarCaros:
ResponderEliminarPelo que li e ouvi de 'leões' que me merecem a maior credibilidade, julgo ser ponto assente que o clima de intimidação que existe nas AG's é não só real, como premeditado, pelo que só posso lamentar que tal aconteça e se venha repetindo de reunião para reunião magna...
É igualmente condenável que nem JEB nem DF tenham condenado o episódio com a veemência que merecia.
SL