Modelos e orçamentos para uma boa discussão
Sporting - Rio Ave: Análise e números:
A dança de cadeiras continua. Paulo Sérgio continua à procura das melhores soluções individuais para os seus problemas colectivos e é por essa via que agora se regressou a uma dupla de ataque. Ou seja, pelo rendimento recente de Liedson e Postiga e não por uma opção sustentada num modelo colectivo.
Ora, dentro desta filosofia, jogar torna-se um pouco como a aprendizagem confessada pelo próprio Presidente sportinguista. Ou seja, faz-se “on the job”. É por isso normal que o Sporting tenha sentido mais dificuldades do que é costume em circular e ter posse na primeira parte.(…)
É que o Sporting voltou a revelar os mesmos problemas em termos ofensivos. Por um lado, não existiu novamente em transição. Por outro, em construção, voltou a revelar as mesmas dificuldades. Quer pelos poucos apoios criados nos corredores, quer pela inutilidade da generalidade das jogadas que recorreram ao apoio frontal solicitado por Postiga.(…)
Acerca do orçamento de quem vai à frente…
· Helton – € 1 M *
· Fucile – € 1 M *
· Rolando – € 1 M *
· Maicon – € 1 M *
· Alvaro Pereira – € 4,5 M
· Fernando – € 1 M *
· João Moutinho – € 11 M
· Ruben Micael – € 3 M
· Hulk – € 5,5 M
· Falcão – € 3,9 M
· Varela – € 0 M
* Informação oficiosa
· André Villas-Boas – € 0,25 M
Total = € 33,15 M
Leão de Alvalade,
ResponderEliminarÉ difícil comentar, esses dois bons posts, porque são ambos - na minha perspectiva - incompletos e qualquer crítica, porque não dirigida directamente aos autores, seria injusta.
O Jogo Directo é imprescindível para quem queira acabar com alguns mitos... mas é importante que não se reduzam sequer as estatísticas àquelas que são apresentadas. Nem os jogadores às características que são estatisticamente contabilizáveis e, sobretudo, o comportamento colectivo exclusivamente à soma das estatísticas individuais.
Um exemplo: o reposicionamento defensivo. Entre zonas a ocupar, função específica e virtudes e defeitos dos colegas de sector e mesmo a filosofia da equipa que é incutida pelo treinador, há inúmeros elementos que condicionam a performance estatística de um jogador. Por exemplo, se se exige a um jogador fraco no 1x1 de forçar muitas vezes o 1x1, é natural que a sua estatística no 1x1 seja má e que o número de perdas de bola grande.
O Filipe diz e muito bem que a estatística que apresenta é apenas uma muleta metodológica. E se aceito o instrumento estatístico (às vezes com relutância... por exemplo, o DS33 às vezes desce imenso no campo em fase de construção e consegue assim, por jogo, 4 ou 5 passes de e para os centrais de nenhuma dificuldade e que, naturalmente, lhe oferecem melhores valores estatísticos mas sem nenhuma influência ou utilidade no jogo... e é só um exemplo), além de ser importante referir que há aspectos importantes que estão fora da estatística, a própria análise que é feita - que é muito boa - contém elementos de discordo profundamente (ainda que com outros concorde com igual profundidade) e, na minha opinião, tem a dificuldade de ser muito difícil de quantificar a "qualidade" numa acção, principalmente quando essa qualidade é colectiva.
Sobre os orçamentos, como para as estatísticas, é falacioso pelo que não diz. Não diz dos muitos jogadores contratados nem do seu preço mensal. Por exemplo, aquela equipa não integra o jogador mais bem pago do plantel e também um dos mais caros, que tem sido opção mas que dificilmente verá o seu investimento recuperado. Também não diz quantos milhões estão no banco ou dos que já foram descartados, apesar até serem bons jogadores.
Principalmente, ambas as análises não dizem o que o Sporting deveria ser. Não é por comparação ao FCPorto, nem por uma análise quantitativa dos seus elementos, se percebe qual o rumo ou qual o modelo que o Sporting deve seguir. Isto é, onde o Sporting conseguiria ir buscar a sua vantagem comparativa.
Caro Leão de Alvalade,
ResponderEliminarPermita-me que discorde com a segunda parte do seu post. Apesar das limitações evidenciadas pelo Sporting no que diz respeito a aquisições de jogadores, o qual penso estarmos todos de acordo, não me parece correcto argumentar que:
"(...) se pensarmos que nos últimos 16 meses gastámos perto de € 30 M na aquisição de jogadores, facilmente verificamos que a inferioridade exibicional e de resultados da nossa equipa nada tem a ver com orçamento ou falta dele."
Na minha opinião, não podem ser comparados um conjunto de contratações do Sporting nos últimos meses com o resumo das melhores contratações do porto nos últimos anos.
Permita-me acrescentar o seguinte:
- se pensarmos nos orçamentos que a SAD do porto tem tido nos últimos anos, facilmente verificamos que a inferioridade exibicional e de resultados da nossa equipa TAMBÉM tem a ver com orçamento ou falta dele.
Cumprimentos,
Pedro Amorim
Concordo inteiramente com os comentarios do PLF e do Pedro Amorim...não se podem comparar orçamentos, comparando apenas a ultima equipa titular do fcp com as nossas contratações dos ultimos 16 meses. Porque teriamos de acrescentar, o orçamento para o futebol englobando os ordenados, e acho que é neste ponto que estamos muito limitados em relação aos nossos concorrentes directos.
ResponderEliminarSL
PLF:
ResponderEliminarPode resultar à primeira vista que misturei alhos com bugalhos, e que me perdoem os autores pela comparação. Devo por isso explicar-me.
Ambos os textos abordam dois temas que se tornaram recorrentes quando se fala hoje do futebol do Sporting: o azar e o menor investimento face aos rivais. De certa forma eles desmistificam esse tipo de argumento.
Ao futebol do Sporting não falta apenas um clique, como o ano passado não nos faltavam mais uns treininhos e alguma cagança. E não é apenas azar quando se mandam as bolas aos postes. Como disse já aqui, os postes estão no futebol desde o inicio do jogo nos tempos modernos e acertar neles deveria ser considerado tão azarento como permitir a defesa aos guarda-redes: ambos são elementos do jogo. Ou como muito bem explica no BN:
“as situações de remate que o Sporting cria, sempre em esforço, raramente permitem boas situações de finalização. E convém também não esquecer que a parte de dentro do poste e a parte de fora do poste representam uma enorme diferença ao nível do “azar”: os GR não se posicionam para defender a parte exterior, mas parte interior é perigosa (…)
O Filipe coloca bem a questão ao lembrar-nos que produzimos menos oportunidades de golo por jogo, apesar da enorme posse de bola, face aos que deveriam ser os nossos concorrentes directos. Como ele muito bem finaliza:
“O ponto é que o tipo de futebol do Sporting pede aos avançados que sejam pouco móveis e, sobretudo, que esperem na zona central por aquilo que a equipa possa produzir. Daí o tema do “pinheiro”.
Dezperado,
ResponderEliminara limitação do Sporting actual é a limitação da falta de capacidade que historicamente os seus dirigentes têm tido para saber gerir desportivamente.
Porque uma equipa só formada por jogadores do Sporting estaria entre as melhores do Mundo e - desconsiderando salários - teria os mesmos custos de formação que são suportados pelos rivais.
É olhar para a selecção nacional e perceber que o Sporting está limitado porque se limitou. E estará ainda mais limitado quanto mais continuar a contratar jogadores que jamais lhe permitirão dar um salto financeiro e, consequentemente - porque é do que fala -, um salto desportivo.
Era preciso, por exemplo, deixar de navegar à vista, ter alguma estratégia para o Sporting, alguma ideia sobre o que podemos fazer melhor que os adversários.
Alguém tem uma ideia?
Quanto aos orçamentos, - respondendo de uma penada a todos -concordo que a análise não leva em linha de conta todos os parâmetros, mas dão-nos vários indicativos para a discussão: há muito tempo que o FCP desistiu de contratar “artistas da bola”, talvez o último tenha sido Benni McCarthy, seguindo agora um modelo diferente, com a busca de jogadores com potencial de afirmação.
ResponderEliminarNão é uma história de sucesso absoluto mas os ganhos dão seguramente para as perdas. O Sporting salta de estratégia em estratégia sem ser muito consequente e coerente com nenhuma em particular, ao ponto de esperar os resultados.
Mas o ponto mais interessante pode ser a análise dos valores individuais da equipa que agora lidera o campeonato e a nossa e o que deles resulta em produção de jogo colectivo. Olhando para a equipa do FCP de caras no Sporting, na minha opinião, entrariam apenas Moutinho, Hulk, Falcão e eventualmente Varela. Não estou certo que, mesmo com este upgrade, conseguíssemos melhores prestações.
Obviamente que todos estamos de acordo com o nosso pouco para não dizer quase nulo acerto com as contratações. Especialmente no mercado internacional.
ResponderEliminarMas ainda assim acho este post um pouco demagogia Demagogia! comparar o onze com que o Porto goleou o Leiria com o total investido pelo Sporting nestes ultimos meses.
Porque há que ver o onze que não jogou. Jogadores como Saparanu, Otamendi, Souza, J.Rodriguez, C.Rodriguez, Bellushi, Walter. Devem andar aqui uns 30 ou 40 milhões.
Abraço desde o Sector
J.
Não é demagogia nem é errado ver-se virtudes na forma como o Porto constantemente acerta, e não é errado pegando no seu exemplo - que é o único em Portugal, dos clubes grandes - constatar o desacerto (se formos simpáticos) do Sporting.
ResponderEliminarO post do Ideal Sporting não diz que o Porto acerta sempre. Só nos últimos anos (2005 para cá, porque se formos às eras Mourinho então ficaremos a parecer um clube de atadinhos) o Porto consegue ir buscar Cissokho, Fucile, Pepe, promover o Bruno Alves e transferi-lo milionariamente (depois de este tê-los servido desportivamente anos a fio), Fernando, Varela (nosso), Lisandro (que quase ninguém conhecia quando chegou a Portugal), Quaresma (formado por uns para dar títulos e mais uma transferência milionária a outros), Hulk (outro perfeito desconhecido) ou Falcão, só para ir buscar os exemplos mais notórios.
Moutinho, também nosso.
Beto, nosso também.
Villas-Boas, quase nosso, mas que fez muito bem em não ter vindo para o Sporting porque sendo portista de alma e coração poderá agora (ao mesmo tempo) servir o clube que gosta e trabalhar num clube que lhe oferece mais chances de sucesso.
Há algum clube em Portugal que consiga no espaço de 3 anos desencantar um Lisandro por 2, vende-lo por 12, mas logo a seguir não ficar desportivamente a perder, com um Falcão.
Não ver nisto mérito é um pouco cegueira. Copiássemos nós estes exemplos. Mas lá esta, isto não são coisas copiáveis, não são acções que partam de fórmulas, mas sim decisões tomadas rapidamente por indivíduos que depois de verem o vídeo A ou B, falarem com as pessoas C ou D avançam depressa para uma contratação.
O Sporting, nas raras vezes que acerta uma contratação trata ao fim de meia dúzia de meses de minar por completo a estadia dessas certas contratações e desses bons jogadores nas suas equipas, como são disso atestado os perfeitos exemplos Vukcevic e Izmailov.
Mas estes são os raros. Porque a norma é mesmo essa: não acertar sequer. O post fala em 30 milhões mas é um valor inexacto, são para aí 100 milhões, ou 150 milhões, ao longo de 9 ou 10 anos, menos, anos. Ou mais, milhões.
Triste. Anedótico, se não se tratasse do Sporting.
O problema contudo é aquilo que o PLF diz. Pedindo ideias ele avança com o método que não precisa delas, por tão simples e acertado que é: formar jogadores, e jogar com equipas da formação. Para quê?
Para ganhar títulos, que mais poderia ser. Jogar com jogadores formados pelo Sporting porque são melhores jogadores do que outros que vêm de fora. Se calhar são também o 1) serem mais baratos e 2) darem muito dinheiro ao clube os principais motivos para que isto não se faça: dinheiro para os cofres do clube não significa necessariamente dinheiro para os cofres de pessoas que ganham dinheiro com as transferências do clube. Promover o Miguel Veloso ao plantel do Sporting não obriga ao pagamento de comissão. Ir comprar um chileno de 30 anos, obriga. Não são precisas teorias de conspiração, basta olharmos para os padrões e verificar o xadrez que constantemente se repete.
Sobre as questiúnculas futebolísticas / técnicas que versam sobre futebol, Paulo Sérgio, Jogo Directo e métodos estatísticos, não estando preparado (por falta de conhecimentos) para discuti-las convenientemente dá-me impressão que a verdade andará algures pelo meio: seguramente o futebol do Sporting e o Paulo Sérgio não são tão bons quanto as estatísticas mostram (equipa mais rematadora, ou coisas desse tipo), nem são tão maus quanto aquilo que os resultados também mostram, ou não são tão maus quanto aquilo que alguns dizem. Somos medianos vá, que é no fundo aquilo que tão bem temos sabido ser nos últimos 15 ou 20 anos. Nesse campeonato ninguém nos bate. Prefiro muito mais ler o PLF, o Filipe ou outros, sobre estas e outras matérias. No cruzamento de que eles dizem e discutem andará a visão certa.
ResponderEliminarPS: Obrigado - mais uma vez e pela centésima vez - ao Leão de Alvalade pela publicação da entrevista dado pelo boneco à "A Bola". Ainda não a li convenientemente mas pelo que dizem não custa adivinhar que será mais do mesmo, as mesmas frases feitas e noções do costume.
Falar em modelos e tácticas:
ResponderEliminarAlguém se recorda neste último jogo de alguma jogada em que os nossos médios-centro, aqui até posso excluir maniche porque simplesmente não corre,tenha recuperado uma bola e iniciar o contra-golpe?? Não vi uma única recuperação de bola, o que tendo em conta a qualidade do adversário, é um factor preocupante...
Aliás, só me recordo de corridas tontas do asantos, sempre mas sempre, atrás do condutor de bola.Não deveria estar posicionado de frente para abola/adversário??