2 Razões para a tristeza dos Sportinguistas
Depois do que nos vem sendo permitido observar ao longo destas 2 últimas épocas em particular, é natural a decepção e tristeza que se apossou dos Sportinguistas: o Sporting não só não ganha como joga muito pouco ou quase nada, o que atraiçoa o orgulho leonino: mesmo nos piores dos tempos, quando nada se ganhava, os Sportinguistas acorriam a Alvalade, onde pelo menos viam jogos de futebol, naquilo que se chamava então "jogar à Sporting". Era disso que Costinha falava na sua derradeira entrevista quando confidenciou ter dificuldade para arranjar um bilhete para um jogo com o Gil Vicente, mas cujas razões para o fenómeno revelou não perceber. Acontece que, de 2005 para cá, o Sporting foi paulatinamente abdicando da sua identidade a troco de muito pouco e não deve por isso ser de estranhar que hoje sejam poucos ou nenhuns que se revêem na forma de (não) jogar do Sporting. Os poucos que ainda se sujeitam aos maus tratos que o futebol do Sporting inflige a quem a ele assiste fazem-no por amor ao clube.
Muitas vezes assistimos à discussão entre nós sobre o que é que precisamos primeiro de voltar a fazer: ganhar de imediato, a qualquer preço ou preocuparmo-nos acima de tudo em voltar a jogar bom futebol, aguardando as vitórias como uma consequência natural. Provavelmente é possível ganhar de "qualquer forma", algumas equipas fizeram-no no passado - como por exemplo o SLB de Trapattoni - mas de uma forma quase repugnante, e sem semear nada para o futuro. Do lado oposto, na arte de bom jogar, lembramo-nos logo do Arsenal de Wenger, que joga muito bem e não ganha, mas contudo o treinador francês mantém-se no comando do clube de Londres e os adeptos enchem o estádio.
Provavelmente exemplos como o Arsenal são de ocorrência difícil num país latino como o nosso e seria um exercício destinado ao fracasso tentar mudar o que está arreigado na nossa forma ser e estar. Mas mudar as pessoas, ou equipas técnicas ou dirigentes que não triunfam não tem que corresponder a uma mudança de identidade ou ao que se chama politica de terra queimada que, ao fim e ao cabo, foi o que andamos a fazer nestes anos todos. Perdemos a identidade, definhamos, reduzimos o valor e o talento, e com isso acantonámo-nos na expressão mais simples de que temos memória. Sem uma equipa que jogue à Sporting dificilmente daremos razões aos Sportinguistas para voltarem a Alvalade.
De certa forma é isso que nos diz Xavi numa recente entrevista ao Guardian*, cuja leitura na íntegra recomendo, a propósito do Barcelona, onde a cobrança pela falta de vitórias é também implacável, como aconteceu com Frank Rijkaard, antecessor de Guardiola. Eis o que ele respondeu quando lhe perguntam se um treinador poderia durar tanto tempo sem ganhar, como Wenger no Arsenal:
Quase impossível. Se passas 2 anos sem ganhar tudo tem que mudar. Mas mudas os nomes, não a identidade. Os nossos fans não se identificariam com uma equipa que jogasse atrás, na expectativa. Infelizmente as pessoas só avaliam as equipas pelo sucesso. Agora, o sucesso validou a nossa abordagem ao jogo. Eu sou um jogador feliz porque, em meu beneficio próprio, há seis anos atrás eu não teria qualquer hipótese, futebolistas como eu estariam extintos. Apenas poderiam existir os que tivessem 2 metros de altura, poderosos, avassaladores, varrendo as segundas bolas, os ressaltos.
(E a propósito dos pinheiros)
(...) É gratificante que o talento e habilidade técnica tenha ganho espaço à capacidade física e se assim não fosse o espectáculo não seria o mesmo. Jogamos para ganhar mas a nossa satisfação é dupla. Outras equipas ganham mas não é a mesma coisa, falta-lhes identidade. O resultado é um impostor no futebol, porque tu podes fazer tudo bem e mesmo assim não ganhar. Mas pode haver algo mais duradouro que um resultado, um legado. O Inter ganhou-nos a final da Champions mas hoje ninguém fala do futebol deles.
A Inglaterra parece sobrestimar os jogadores mais físicos...
Ok, esse tipo de jogadores, (como Carrager e Terry) são fundamentais mas eles devem-se adaptar ao futebol técnico e não o inverso.
(A propósito das Academias):
Algumas academias preocupam-se em ganhar. Nós preocupamo-nos em educar. Vemos um miúdo que levanta a cabeça e executa o passe de primeira e pensamos de imediato: este serve, tragam-no e nós treinamo-lo.
Continuo a pensar que o Sporting tem, acima de tudo, que voltar a reconciliar-se com o bom futebol para que a reconciliação com os adeptos possa igualmente ocorrer. E para isso não é preciso reinventar a roda. Se faltam as boas ideias que se copiem os melhores exemplos.
2- Transparência:
*Com os agradecimentos ao @imago_route, Terrassa, Catalunha
Voltemos então ao tempo do Peseiro quando ainda tínhamos o prazer de ver Futebol. À semelhança por exemplo do Arsenal, podíamos assistir a grandes jogos e sim também a algumas derrotas penalizadoras. Mas havia Futebol, havia a tal identidade.
ResponderEliminarFoi nessa altura que começamos a permitir que uma Comunicação Social suja e com uma agenda pouca clara lançasse a discórdia entre os Sportinguistas.
Foi tão fácil gozar connosco, éramos a equipa do “quase”, perdemos tudo numa semana…
Então e agora somos o quê?
Perdemos uma identidade, um modelo e com isso perdemos também espectáculo, perdemos assistências. Perdemos o Futebol que nos permitiu vender o Hugo Viana por 12 milhões.
Tudo isto a troco do quê?
Infelizmente vamos estar muitos anos sem perder uma final europeia!
Nao sei até que ponto é que podemos partir do princípio que há má-fé. Acho que pode haver má-fé (que aqui equivale a anti-sportinguismo) a partir do momento em que negoceia com o futuro banco a sua incorporaçao enquanto negoceia com esse mesmo banco a dívida do Sporting. Como nao sabemos se é o caso nem de momento temos como saber, talvez seja um pouco prematuro acusá-lo de má-fé, nao?
ResponderEliminarPessoalmente, nao acredito que o tenha feito mas acho que nem a dependência das entidades bancárias me parece tao diferente da de outros clubes rivais nem acho que, se a gestao de JEB foi tao ruinosa, que seja por essa mesma gestao que acaba por ser contratado pelo BES.
Isto tudo nao invalida uma posiçao crítica sobre a sua gestao da SAD e do clube, claro.
Por último, interrogo-me sobre o porquê de uma notícia deste tipo ser recebida (antes de qualquer confirmaçao, refira-se) diretamente como prova de má-fé e desconfiança em vez de como uma oportunidade (que nao sei se o é nem digo que o seja, atençao) de assegurar uma relaçao de confiança e nao hostil com credores.
saudaçoes leoninas,
tiago
1 - Concordo. Perdeu-se a identidade. Aguentávamos tudo, até 18 anos a ver passar navios no que diz respeito à conquista de títulos, mas acreditávamos nos nossos dirigentes, na nossa equipa, gostávamos do futebol que praticava e agora? Agora, não é a falta de títulos que me (nos) desmoraliza. É a falta de crença, de ousadia, de saber, e o muito comodismo e subjugação a terceiros dos dirigentes desta 'linhagem' que não merecem o clube que os sócios lhes confiaram. Sobra arrogância e falta conhecimento, orgulho próprio, até o senso comum anda arredio. Tudo isto reflecte-se na equipa de futebol e na qualidade do futebol que esta vem praticando desde há 3 ou 4 épocas consecutivas. Escapam as 2 primeiras épocas de PB.
ResponderEliminar2 - Ao contrário do amigo Tiago aqui de cima, admirava-me era se não existisse fogo no fumo que o horizonte anuncia... Enfim, a concretizar-se o (ainda) cenário, seria o final 'jebiano' perfeito.
Abraço, LdA.
LdA,
ResponderEliminarPara os Sportinguistas jogar bem é de facto fundamental, por isso é que mesmo durante o grande jejum, com o "sistema" no auge, eu e muitos íamos ver grandes tardes de bola, com gosto, com muito gosto.
No consulado de Paulo Bento o futebol do Sporting tornou-se incaracterístico, só compensado pelos bons resultados nas taças e na luta pelos campeonatos até à meta final, porém, só de longe a longe é que esse futebol entusiasmava os adeptos. Hoje, a desolação tomou conta de tudo, nem futebol digno desse nome, nem resultados.
Por conta da incompetência de um presidente plebiscitado por ordem de uma linhagem maldita, que sabe tanto de futebol que pensa que 433 é apenas um hino de louvor a Deus, sofremos a maior crise do nosso clube e corremos o risco de vermos que o fundo é ainda mais a baixo. Desperdiçaram-se recursos preciosos em duas épocas de acentuada crise económica ao sabor de caprichos de alguém que, com muito menos amor ao clube, tem tanta experiência como eu na gestão de uma equipa.
Assuma-se que não temos capacidade para nos próximos dois anos lutar pelos títulos, coloque-se a casa em ordem, constitua-se uma equipa técnica de inequívoca experiência e qualidade, acalme-se a ansiedade de quem continuar a jogar com a nossa camisola, incuta-se orgulho a quem a vier a vestir e sobretudo que a equipa passe a jogar à Sporting. Só assim todos voltaremos a "casa", só assim os nossos adeptos voltarão a sentir orgulho no clube e o futuro terá uma hipótese de nos sorrir.
P.S. Quanto ao facto de JEB poder integrar o BES, confesso que não me admira nada. Até porque na altura da eleição de JEB lembro-me de ter lido algures que o cardeal de Richelieu, perdão, o Dr. Ricciardi tinha garantido um "pára-quedas" no banco caso as coisas não lhe corressem bem. Sendo os amigos para as ocasiões, depois de feita a reestruturação JEB terá ido bater-lhe à porta, se se confirmar é lamentável.
LdA
ResponderEliminarJulgo lembrar-me que JEB não queria sair do Santander e ser candidato a Presidente do Sporting com medo de perder o lugar no board do banco, mas foi "obrigado" pelo homem do BES a sair e a ser candidato com a eleição assegurada, tendo também garantida a sua entrada para o BES com as regalias que tinha no Santander, caso este não o reintegrasse.
Outro assunto:
Gostei muito de uma frase do Xavi: "O resultado é um impostor no futebol, porque tu podes fazer tudo bem e mesmo assim não ganhar", por dois motivos.
1 - Realmente quem joga bem tem muito mais possibilidades de ganhar.
2- É impressionante como a maioria dos “grandes” comentadores futeboleiros fazem os seus comentários orientando-os unicamente pelo resultado do jogo.
Maio de 2009:
ResponderEliminarRicciardi é chave para convencer Bettencourt a ser presidente do Sporting (actualizado)
por Bruno Roseiro, Publicado em 14 de Maio de 2009
O presidente do BES Investments colocou o administrador do Santander Totta a repensar na hipótese de avançar para a sucessão de Soares Franco. Resposta está por horas (provavelmente será positiva). Carlos Barbosa da Cruz foi o último a dizer que não será candidato.
José Eduardo Bettencourt define nas próximas horas se avança ou não para a presidência do Sporting. Mas uma coisa é certa: as regras do jogo alteraram-se. É que, depois de ter recusado a possibilidade no final de Março, o vice-presidente da direcção e ex-administrador da SAD está tentado a recuar nas intenções. E José Maria Ricciardi, líder da Comissão Executiva do BES Investment, foi a chave na súbita alteração de planos.
Segundo o i apurou, Ricciardi comprometeu-se na segunda-feira, no hotel Ritz, a assegurar que Bettencourt – é desconhecido quanto recebe como administrador do Santander Totta mas, para o cargo que ocupa, deverá auferir acima dos 500 mil euros anuais – não ficaria lesado pessoal ou profissionalmente caso chegasse a presidente dos lisboetas. E, no futuro (quando decidisse abandonar o cargo), poderia até vir a integrar a estrutura do BES, um dos bancos envolvidos no project-finance negociado pelo Sporting (o outro é o Milenium BCP). Certo é que uma das primeiras medidas, que até já foi ventilada por Soares Franco, é tentar aprovar uma medida que faça com que os dirigentes sejam remunerados.
http://www.ionline.pt/conteudo/4428-ricciardi-e-chave-convencer-bettencourt-ser-presidente-do-sporting-actualizado
(Com os agradecimentos ao 'Pantera':-) )
Bem haja por me ter possibilitado conhecer a entrevista de Xavi ao Guardian... Recomendo a todos. Pode ser-se sensato aos vinte e tal anos, e um pateta com muito mais idade.. e mais não digo
ResponderEliminarCaro amigo,
ResponderEliminarEssa do Bettencourt assinar pelo BES já há muito anunciamos no Conselho Leonino. Falta agora saber os destinos dos terrenos da Academia. Quando levantamos estas duas questões fomos enxovalhados por não sabermos o que estavamos a falar.... Em 50% já temos razão.
AFINAL O QUE É UM BENFIQUISTA TIPICO?
http://conselholeonino.blogspot.com/