A Associação de Adeptos Sportinguistas realizou no sábado passado o IV Pensar Sporting, a quarta edição do seu evento anual que, sempre em Fevereiro, debate questões relacionadas com o Sporting e com temas transversais ao futebol nacional e internacional. Este ano, para além do tema "SADs: a falência de um modelo", o Pensar Sporting ficou marcado pelo tema "Eleições no Sporting Clube de Portugal". Conforme amplamente divulgado por jornais e televisões, os três candidatos oficiais marcaram presença no Hotel Holliday Inn Continental e este facto, juntamente com o anúncio da candidatura da AAS ao Conselho Leonino, assinalou o que se tem considerado como o arranque da campanha eleitoral.
À semelhança do sucedido em outras edições do Pensar Sporting, a sessão da manhã abordou um tema que, apesar da sua centralidade nas discussões internacionais acerca do estado actual do futebol, se encontra totalmente ausente do debate nacional. Para debater os problemas apresentados pelo modelo das SAD ao longo das últimas décadas, deslocaram-se de Espanha Emilio Abejón, da associação "Señales de Humo", associação de pequenos accionistas do Atlético de Madrid, e José Ángel Zalba, presidente da FASFE, associação espanhola de pequenos accionistas e antigo presidente do Real Zaragoza e do Comité Organizador do Mundial Espanha 1982. O confronto com a realidade financeira das SAD e a comparação com o modelo associativo permitiram aos presentes debater durante mais de duas horas questões como os passivos e as dívidas galopantes das SAD, a clientelização dos sócios, a desresponsabilização de que os dirigentes beneficiam, o "discurso do dinheiro" em vez do "discurso da paixão" e, no fundo, a falência total de um modelo empresarial que prometeu rigor financeiro mas que se revelou calamitoso mesmo a esse nível, ao ponto de fazer de muitos clubes realidades financeiras totalmente insustentáveis no curto e médio prazo. Quando clubes como o Valência apresentam um passivo que monta a mais de 700 milhões de euros, e isso obriga a que as obras para a construção do seu novo estádio estejam estejam interrompidas há anos, ou quando clubes históricos como o Compostela ou o Badajoz (entre muitos outros) têm de fechar portas e reeguer-se das cinzas e dos confins das divisões amadoras, o confronto com a realidade torna-se inevitável.
Se os exemplos espanhóis são evidentes, os ingleses não lhes ficam atrás. Aliás, este debate que a AAS introduz em Portugal é já uma realidade muito presente em todos os países europeus. Dezenas de grupos de adeptos em toda a Europa partilham estas preocupações. Apenas como exemplo, posso referir que a Rangers Supporters Trust, grupo de adeptos pequenos accionistas do Glasgow Rangers, solicitou uma reunião à AAS em Lisboa, e no final da partida de quinta-feira estes problemas foram longamente discutidos, verificando-se uma total partilha de realidades e preocupações. Conforme foi discutido então, e posteriormente confirmado no debate de sábado de manhã, só uma profunda reformulação das instituições de supervisão (LPFP e Governo em Portugal) permitirão um controlo rigoroso do total desgoverno em que o futebol se tornou, de modo a torná-lo sustentável, para que os nosso filhos e netos possam, no futuro, amar os nosso clubes como nós amamos os clubes dos nossos pais e avós. O enorme sucesso da Bundesliga (maiores assistências do futebol mundial, equilíbrio financeiro, futebol competitivo) mostra-nos que o caminho pode ser invertido - mas isso tem de acontecer já.
A sessão da tarde iniciou-se com a apresentação da candidatura da AAS ao Conselho. Sob o lema "Dinheiro Não Compra Paixão", Pedro Faleiro da Silva apresentou os marcos da acção da AAS ao longo destes quase dois anos de mandato no CL e lançou uma candidatura autónoma que almeja atingir a eleição de 18 Conselheiros, número mínimo para solicitar uma reunião do CL. As suas áreas de intervenção serão apoio directo e indirecto ao sportinguista, reforma do CL, reforma estatutária, cultura do clube ("Mais Clube para 4 Milhões de Adeptos") e expansão da sua actividade internacional. Seguidamente, Zeferino Boal apresentou as suas ideias durante cerca de 20 minutos, fazendo um diagnóstico do status quo leonino e referindo que tem estado contra a linhagem Roquette desde o início. Aguarda-se a apresentação de medidas concretas e de um programa eleitoral para que uma avaliação possa ser feita, até porque, devido a compromissos previamente assumidos, o candidato não pôde permanecer durante a longa sessão de perguntas e respostas.
Seguiu-se a apresentação de Bruno Carvalho, que se centrou no seu programa eleitoral e nas linhas orientados da sua campanha, apresentando um discurso galvanizador e contando na assistência com a presença de Augusto Inácio, o seu homem forte para o futebol. Após uma intervenção de cerca de 20 minutos, tomou a palavra Dias Ferreira. Centrando as suas palavras no futebol e na ideia de que a figura principal do seu modelo para o futebol é o treinador, Dias Ferreira pediu desculpa por não ter ainda um programa eleitoral estruturado e disse que o seu treinador seria alguém que já estava escolhido mas que seria avisado não revelar naquele dia.
Às intervenções dos candidatos seguiu-se um interessantíssimo período de debate que durou cerca de duas horas, das quais a primeira teve a presença de Dias Ferreira e Bruno Carvalho e a seguinte apenas a deste último. Muitos sócios puderam então intervir e colocar questões directas a estes candidatos. Deste período destaco a excelente intervenção do ex-atleta do andebol Ricardo Andorinho, que arrancou grandes aplausos da audiência quando pediu responsabilização e prestação de contas aos dirigentes do clube, referindo que a imunidade de que beneficiam é bem diferente da que ele gozava enquanto atleta.
Num evento marcado pela presença de cerca de 80 sócios e vários ex-atletas (Pedro Miguel, imensamente campeão no ténis de mesa, também esteve presente), os sócios do Sporting começaram a recolher as informações que necessitam para, dia 26, tomar uma decisão responsável e esclarecida. O período dos cheques em branco tem de terminar e a cultura de exigência tem de voltar ao clube.
O Sporting está bem. Roquette à três semanas deu uma entrevista a dizer que o clube está dotado de mecanismos financeiros sustentáveis.
ResponderEliminarBasicamente o mecanismo que o Olhos de Charroco falou, foi que a sua rapziada deixou o clube tão endividado, que os bancos nem para o café emprestam. Belissimo mecanismo.
A VERDADEIRA LISTA
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ResponderEliminarSerá que é dificil fazer uma lista com cabeça tronco e membros?!?!? E pensar um pouco no funcionamento dos departamentos? Apresentar coisas que façam sentido aos sócios?
ResponderEliminarUm Exemplo de uma possível lista.
Assim para quebrar com o passado sugeríamos para a presidência JOÃO ROCHA JÚNIOR. A inexperiência deste era compensada com a mão invisível do pai. Sugeríamos um regime não presidencialista que só se manifestava em casos extremos. Tinha como principal missão – entre as óbvias – dar solidez à estrutura.
FUTEBOL PROFISSIONAL
Director Geral de todo o futebol manteríamos JOSÉ COUCEIRO (Homem do Sporting). Em Portugal é a pessoa mais avalizada para ocupar um cargo do género.
Para chefe do Departamento de Futebol JOÃO VIEIRA PINTO (capitão e campeão pelo Sporting). Estaria junto do plantel. Assumiu a causa leonina e teve a hombridade de assumir que errou ao não ter ficado no Sporting. Pode não ser dos nossos mas marcou-nos, marcamo-lo. É líder, sabe de balneário, percebe do jogo, e é respeitado dentro e fora do futebol, inclusive na comunicação social.
Prospecção e Detecção de Activos - FREITAS LOBO – Profundo conhecedor de vários marcados, trabalharia nas necessidades detectadas pela equipa e não só, sugerindo jogadores de qualidade e acessíveis à nossa bolsa. Neste campo propomos criar sinergias com Manuel José no mercado Asiático/Africano, Acosta no Argentino, Rodolfo Rodriguez no Uruguaio, Zico – Sportinguista -Brasileiro, Negrete Mexicano, e assim sucessivamente, procurando a opinião de ex atletas que além de ligados ao clube conhecem bem o mercado de onde são originários.
Adjunto de qualquer treinador MANUEL FERNANDES (capitão e símbolo do Sporting) – Transmitia tudo o que é o Sporting além de exigir respeito pela nossa camisola. Em caso de qualquer coisa correr mal, pode pegar na equipa.
FORMAÇÃO
Director de toda a formação – MIRKO JOSIC - Além de profundo conhecedor do mercado jovem, nasceu para formar e fazer crescer talentos. Coisa que não nos falta. Coordenaria toda a formação. Acredito que com uma proposta justa ele viria pois a sua carreira não passa por um grande fulgor. Quem sabe metade do que Bettencourt auferia chegaria para trazê-lo.
Director Executico para a formação – SÁ PINTO (capitão e símbolo do Sporting)– Executava as directrizes de Jozic e estava junto de todas as camadas jovens resolvendo o que houvesse para resolver. Leão de raça, ninguém melhor para transmitir o sentimento leonino aos mais novos.
Adjuntos em cada escalão (Oceano, Venâncio e Carlos Xavier), todos capitães do Sporting.
Para a comunicação PAULO ANDRADE parece-nos um óptimo nome. Esteve no passado mas foi um dos poucos que saiu ousou criticar os intocáveis. Respeita e dá-se ao respeito, inteligente é um comunicador nato.
Peço que além de criticarem esta iniciativa, proponham outros nomes, ideias, pode ser que quem se candidata passe por aqui...
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Oh Leão Pensador, como é possível? Tu és mesmo sportinguista? Freitas Lobo? Mas o que é que o Freitas Lobo já provou? Dizes que ele conhece o mercado? Tás maluco ou quê? o homem fala bem, fala de cor, vê umas coisas na net e fala para tolinhos na TV. É isto que queres para o Sporting? Eu acho que está mas é tudo maluco
ResponderEliminarNão entendo a AAS, que pretende eles? se querem tanto mudar o SCP porque nao avançar para presidente? porque para o conselho leonino? um orgão que não faz nada pelo SCP e que apenas serve para dar importancia injustificada a pessoas que em nada contribuem para o SCP.
ResponderEliminarQue fez o conselho Leonino estes ultimos anos???
Quanto aos candidatos uma miseria, um ainda nao tem programa mas tem treinador e um traidor, porque nao tem programa? estará á espera de ser convidado para uma outra lista como sucedeu no passado?
O que copiou os 50 Milhoes do Bráz, tem programa mas tem dificuldade em arranjar que o acompanhe, depois temos o Boal que o seu programa consiste em dizer que é contra o Roquetismo, mas isso neste momento são todos até os que lá andaram a "mamar".
Com estes candidatos só vejo o fim do SCP, só espero que seja rapido pois já nao tenho como dizer ao meu filho de 4 anos que o SCP é GRANDE.
Bruno,
ResponderEliminarObrigado pelo resumo do dia!
O receio de uma entrada accionista externa ao clube, com efectiva capacidade de decisão, na nossa estrutura de capital é infundada. Porquê? Primeiro, a dívida é gigantesca. Segundo, a receita revela-se incapaz de sustentar o serviço da dívida. Portanto, qualquer entidade/individuo que pretenda controlar a SAD do clube não poderá esperar retorno no curto ou médio prazo.
ResponderEliminarO sinal revelador da decadência do Sporting enquanto clube de dimensão nacional é a sua receita.
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