O texto que se lê abaixo é apenas excerto do que pode e deve ser lido na íntegra aqui (siga o link):
O debate sobre o futuro do Sporting tem sido conduzido, a nosso ver, de forma deslocada e inconsistente. Não tem havido sequer um verdadeiro debate. Não pretendemos ouvir nomes de treinadores ou jogadores. Não queremos promessas de dinheiro. Tememos populistas. e suspeitamos dos que apresentam a sua proximidade ao poder ou dinheiro como uma vantagem para o Sporting. Temos apenas a convicção de que é preciso discutir o Sporting de forma diferente.
Neste momento, a prioridade do Sporting é, acima de qualquer outra, recuperar a sua identidade. Tivemos um longo período da nossa história em que perdemos muito sem perder o entusiasmo. Hoje, ao fracasso soma-se a perda de entusiasmo. A razão é simples: deixámos de nos identificar com a equipa.
Fala-se, por vezes, da identidade do Sporting mas não se discute em que consiste e como a recuperar. Pelo contrário, o que temos ouvido até agora acentua a esquizofrenia que tem dominado a sua gestão nos últimos anos: um discurso puramente racional sobre a gestão do clube e uma prática passional e errática na gestão do futebol. Disseram-nos que tínhamos de separar o negócio que sustenta o futebol da emoção do futebol. Só que o negócio do futebol é a emoção. Um clube não tem consumidores mas sim adeptos. Não vende produtos ou serviços em si mesmos mas a identidade que lhes está associada. O clube não soube gerir o futebol como negócio de emoções. A aceitação de uma certa modéstia desportiva em nome da suposta boa gestão financeira foi o grande mote do Sporting nos últimos anos. O resultado tem sido uma efectiva modéstia desportiva e uma duvidosa gestão financeira.
(...)Do ponto de vista desportivo, necessitamos de preparar e avaliar seriamente as nossas escolhas desportivas. Que perfil de jogador tem oferecido mais rendimento? Há um verdadeiro modelo de jogo? A saga dos treinadores no último ano, culminada com a vinda de Paulo Sérgio em vez de André Villas Boas, é um bom exemplo do que acontece quando se tomam decisões desportivas sem essa reflexão prévia.(...)Num clube que tanto tem reclamado a necessidade de uma gestão racional as opções desportivas parecem ser feitas muitas vezes sem critério. Para responder a isso, fazemos duas propostas originais. Primeiro, sendo verdade que o Sporting não parece ter dinheiro para contratar um grande treinador, temos seguramente o suficiente para pagar uma consultadoria sobre a nossa política desportiva a três treinadores de topo (nomes internacionais como Sachi ou Hiddink conjugados com alguma ex-glória do Sporting).: desde o modelo de jogo à qualidade do nosso scounting tudo deve ser avaliado. Este grupo de sábios (chamemos-lhe assim) deveria, igualmente, ajudar o clube a definir um perfil de treinador e a selecioná-lo. Segundo, que os treinadores passem a ser avaliados não apenas pelos resultados mas também pelo público que atraem ao estádio, de forma a premiar a qualidade do futebol mesmo quando a juventude da equipa não lhe permita sempre vencer títulos.
(...)Os sportinguistas precisam de se reencontrar com o Sporting e o Sporting precisa de reavivar a cultura que fez dele um clube com forte tradição identitária. Quantas vezes não ouvimos recentemente que as crises oferecem uma oportunidade. O Sporting é conhecido por falhar muitas oportunidades... Esperemos que as próximas eleições não sejam apenas mais uma bola na trave. Comecemos por maximizar o número de oportunidades melhorando a qualidade do debate.
Nota: tendo em conta a natureza deste texto e o facto de ele estar disponível no sítio indicado pelo link e os seus autores estarem disponíveis para debate e esclarecimento do seu conteúdo, faz todo o sentido que, quem assim entenda, coloque nesse local os respectivos comentários, independentemente de o querer fazer aqui também ou não.
A realidade deveria ser esta e nesse aspecto o texto está fantástico mas não existe quem o execute.
ResponderEliminar(se tivesse um post sobre um dos candidatos já tinha a caixa de comentários cheia)
http://www.conselholeonino.blogspot.com/
Caro Leão,
ResponderEliminarPermite-me comentar com comentei lá.
Este é um texto obrigatório, que subscrevo e agradeço.
É também um texto que torna muito claro quem não podem ser os próximos dirigentes do Sporting.
Não podem ser dirigentes os que não percebem que a paixão é o bem mais valioso no negócio do futebol -- Steve Jobs vende electrónica ou vende emoções?
Não podem ser dirigentes os que se dedicam a destruir, a partir de dentro, o projecto que tem segurado o Sporting nos últimos anos e que tem levado o nome do clube pelo mundo -- a formação.
Não podem ser dirigentes os que não percebem que para um clube português há argumentos racionais, financeiros e económicos que justificam uma estratégia suportada na formação.
Não podem ser dirigentes os que elegem como inimigos os próprios jogadores e adeptos, ignorando os comportamentos criminosos dos rivais e elegendo ao patamar da intocabilidade qualquer treinador de vão de escada.
Não podem ser dirigentes os que desprezam as antigas glórias do clube, desenvolvendo planos comerciais e de marketing que não sabem aproveitar as maiores estrelas que passaram por Alvalade
E, conforme explica este texto, não podem ser dirigentes os que não cuidam da identidade do Sporting. Há identidade no Ajax, há identidade no Barcelona, há identidade no Arsenal. E nenhum destes clubes deixa de ganhar. Uns mais que outros, mas ganham. Com identidade que os seus adeptos, e o mundo do futebol, reconhecem e celebram.