"Falta gente com discurso e sangue à Sporting"
No Sporting. Tem força clubística. É uma pena que agora já não seja assim. É aquele clube em que os sócios não deixam de ter um sentimento genuíno, muito próprio. E é o que tem ganho menos. Há qualquer coisa ali que devia ser estudado. Tanta grandeza, tanta força e tanta fidelidade. Falta gente com discurso e sangue à Sporting. Ao longo das décadas, o Sporting vai-se afastando dos grandes. É um clube de investimentos. Na minha altura, era um clube de vitórias. O que ainda sobrevive é a paixão dos adeptos pelo Sporting.
Depois dos três grandes, acabou a carreira em Setúbal, com duas épocas (1987-89). Ao lado de Meszaros, Jordão e Manuel Fernandes, seus companheiros no Sporting.
É verdade. Grandes amigos, grandes jogadores.
Há um golo do Jordão que circula aí como um dos mais espectaculares de sempre...
Sabes que estava a marcá-lo nesse dia [30 de Janeiro de 1983]? Eu. Antes de mais, adoro o Jordão. É um ser humano muito, muito, muito sui generis. É coerente e inteligente. Um dos meus melhores amigos do futebol. Cinco ou seis anos antes de acabar a carreira, já estava saturado do futebol. E era um predestinado. E um predestinado nunca se chateia do que gosta, mas o problema é este mundo do futebol. As pessoas e tudo aquilo que anda à volta dele. O que é que ele fez? Abandonou a carreira e orientou a sua vida pelas artes plásticas. É um homem realizado sob o ponto de vista mental.
E o golo?
Às vezes, ainda discuto com ele sobre se ele fez de propósito ou não. É uma bola cruzada, tipo centro-remate e ele antecipa-se ao defesa, que sou eu. Na antecipação, eu espero que ele controle a bola. Em vez disso, ele mete a parte lateral da bota, calcanhar, e atira à baliza do Amaral, que não tinha a mínima hipótese. Foi no topo sul do antigo Alvalade. Um golo de antologia. De museu. Esse jogo acabou 3-3 e ele marcou os três golos. Mas isso não é tudo. Havia gestos técnicos, dribles e golos nos treinos que nos faziam ficar a olhar para ele. Eu fui um privilegiado por trabalhar com ele. De verde e branco [Sporting e V. Setúbal]. E também de encarnado [Benfica e selecção nacional, no Euro-84].
Acho que estas palavras, ditas pelo único jogador que foi campeão pelos três grandes, deviam ser gravadas em todas as salas onde reunem os nossos dirigentes de modo a nunca se esquecerem o que é o SPORTING!
ResponderEliminarPorra Eurico, fiquei emocionado. Muito bem! Não sei é se ao cair na real não ficarei ainda mais deprimido ao ver que estamos tão longe do nosso ideal.
Mas pronto, vem o aí o Canal Sporting, vamos voltar a ter um pavilhão, a formação continua a dar frutos e a equipa principal vai-se reconstruindo. Talvez voltemos a ter o nosso Sporting de volta. Talvez...
Grandes palavras do Eurico sobre o Sporting e sobre um dos meus jogadores favoritos de sempre, Jordão de seu nome.
ResponderEliminarPara quem, como eu, começou a acompanhar o Sporting no final dos anos 70 e início dos anos 80, é impossível deixar de recordar alguns jogadores dessa época como sendo dos melhores de sempre: Manuel Fernandes, Jordão, Oliveira, Meszaros, Eurico, Gabriel, Inácio, entre outros.
E depois toda aquela primeira fornada de jogadores formados no Sporting e que foram sem dúvida a primeira grande aposta da nossa formação (Venâncio, Morato, Carlos Xavier, Fernando Mendes, Mário Jorge, Litos).
Nesses tempos conquistava-se a juventude para ser adepta deste grande clube.
Hoje, vemos JEB dizer que levar 3 do Gent é coisa normal e que não afecta a moral da equipa...
E a nossa moral imbecil?????
SL
José
Foi exactamente esta conclusão que cheguei hoje enquanto conduzia a caminho de casa e reflectia sobre o nosso clube..Falta alguém que seja a voz do povo Sportinguista!
ResponderEliminarÉ pá, é preciso tomar cuidado com estas afirmações!..
ResponderEliminarAinda lhe vão chamar de terrorista e de não ser Sportinguista!
Isto ao mesmo tempo que o nosso PRESIDENTE afirma que levar três do Gent é normal..ora aqui está um discurso à Sporting..
Quando lemos declarações como estas ficamos a pensar:
ResponderEliminar-O que é que aconteceu para que as coisas hoje sejam tão diferentes? De quem é a culpa? O que é que nós simples adeptos podemos fazer para recuperar este Sporting de que fala o Eurico?
Hoje a frase "Somos diferentes" parece já não ter tanto significado porque uns quantos transformaram o Sporting naquilo que é hoje. De quem é a culpa? Nossa. Sim dos adeptos, mas sobretudo dos sócios do Sporting. Porque foram eles que colocaram lá as pessoas que retiram ao Sporting aquilo que ele tinha de melhor e o transformaram naquilo que é hoje. Cabe agora aos adeptos e sobretudo aos sócios de hoje restituirem ao clube a sua grandeza. Escolhendo as pessoas certas. Tem faltado discernimento nas escolhas. Muitos sócios têm sido ofuscados pelas luzes muito brilhantes mas que depressa se fundem e se apagam.
Precisamos de gente iluminada à frente do Sporting mas não precisamos mas não de gente que de tanto brilho nos ofusque.
Se o Sporting somos nós...temos que ser nós a devolver ao clube aquilo que ele perdeu.Aquela força de que fala Eurico.
Oxalá o consigamos fazer rapidamente.