O bilhar grande e o ecletismo leonino
O que o Sporting produz hoje em campo é igual ou pior ao que se fazia no pior tempo de Paulo Bento e igualmente irregular ao que se observava com Carvalhal, sem no entanto chegar perto das melhores exibições. Essa irregularidade não está associada à turbulência exterior, uma vez que a contestação é residual, não há “episódios Sá Pinto / Liedson”, Izmailov está afastado do grupo de trabalho e o treinador não dá conferências de imprensa sozinho ou em vãos de escada e o apoio institucional é total.
Donde vem então a irregularidade exibicional do Sporting? Do seu próprio treinador e da sua concepção do que é o futebol. O Sporting actual tem um registo em que se dá mais ou menos bem e quando as coisas lhe começam a correr bem. Canta mas não encanta. Canta pouco e pianinho. Apesar de se contar pelos dedos as jogadas com princípio meio e fim, sempre vai conseguindo, nessas circunstâncias, impor a melhor valia individual dos seus jogadores.
Mas não há equipa que consiga controlar o jogo do princípio ao fim. O Sporting de Paulo Sérgio não sabe respirar. Conhece apenas a correria desenfreada. Mas quando precisa ou o adversário lhe impõe um registo diferente a equipa desorganiza-se e deixa de funcionar como tal. Ontem foi ainda pior. Foi a intervenção do treinador que desligou as luzes, deixando a equipa às escuras, deixando de se ver uns aos outros e o caminho para a baliza adversária. Não é assim que se ultrapassa um mau momento psicológico, antes se cava a desconfiança já instalada pelos resultados e agravada pelas próprias palavras de Paulo Sérgio: ao lembrar publicamente que a equipa precisa de reforços, o treinador diz que não confia nos jogadores que tem. Ficamos sem saber quanto precisamos e gastar para não trocar de papéis de equipa grande com a Académica.
O treinador, os seus equívocos e as suas insuficiências, é o principal factor de instabilidade. Vitórias como as de ontem resumem os ganhos aos 3 pontos que, para as ambições do Sporting, já de pouco servem. Quantos, dos poucos que ainda restam, deixarão de aparecer para ser confrontados com a indigência exibicional e mental a que estamos confinados?
Bettencourt dizia há tempos que teria que ir dar uma volta ao bilhar grande se não obtivesse resultados. Apesar dos pesares, não é uma modalidade muito praticada pelos presidentes leoninos. Analisando as últimas décadas, apenas Jorge Gonçalves foi obrigado pelos Sportinguistas a conhecer tal modalidade, pelas razões que se conhecem. Bettencourt já terá feito o suficiente para merecer igual distinção, mas os Sportinguistas tornaram-se ecléticos perante a asneira e o dislate, admitindo todos os seus géneros. Mas está na altura de o presidente e Costinha perceberem que pior do que o erro cometido ao contratar a incompetência que a actual equipa técnica representa é persistir no erro de a manter. Está na altura, e já vai tarde, de Paulo Sérgio se dedicar às voltas do bilhar grande.
Os "subsídios" não estão a chegar a todos?
ResponderEliminarhttp://www.record.xl.pt/Futebol/Nacional/1a_liga/Sporting/default.aspx?content_id=492560
Leão de Alvalade,
ResponderEliminarDiscordo. PS é apenas a face mais visível da incompetência do Sporting. Fazê-lo dar uma volta ao bilhar desacompanhado permitirá que se mantenha a incompetência noutras esferas, algumas das quais aludidas neste post (porque se o Sporting deu uma volta de 360º sobre si, a responsabilidade não será apenas sua).
Estamos finalmente a entrar na zona perigosa.
Vimos o que os apoiantes do Costinha, no princípio da temporada, diziam acerca da contratação do Zapater (várias vezes referido como sendo melhor jogador do que o Veloso), ou da cedência do João Moutinho ao FCPorto, entre tantas outras medidas populistas/sanguinárias.
O problema do Sporting será ainda maior se se trocarem pessoas de vistas curtas por pessoas de vistas turvas. São as ideias das pessoas que fazem a diferença na acção e se todas as ideias que obtêm um mínimo de palco mediático são más, o futuro não pode ser risonho. Resta-nos contribuir para que assim não seja.
Queriam uma revolução e tiveram-na. Queriam emoção e cá está ela. Esqueceram-se que as emoções são positivas e negativas e o Sporting vive numa depressão praticamente desde que JEB chegou ao clube, tendo transformado essa emoção numa espiral auto-destrutiva. Quem preferia pensar há muito que se tinha alheado desses apelos à emoção.
Há muitos meses atrás propus um novo projecto para o Sporting. O Sporting precisa de voltar a entrar nas discussões entre sportinguistas como algo em que se projecte o futuro. Dou o exemplo da minha família, em que há sensivelmente um ano o tema se tornou proibido. Já não queremos falar do que só nos traz desconforto.
Esse é o legado de JEB+Costinha+Revolucionários: um Sporting de futuro incerto. A prisão de JEB a PS tem pelo menos o condão de nos oferecer alguma esperança de um futuro melhor, fora desta espiral negativa. A sua substituição ou manutenção apenas levará à contratação de um pinheiro e da continuação da autodestruição do clube.
Ainda vamos a tempo.
PLF:
ResponderEliminarNão estaremos assim tão em desacordo. Por alguma razão vou dizendo que
"Bettencourt já terá feito o suficiente para merecer igual distinção, mas os Sportinguistas tornaram-se eclécticos perante a asneira e o dislate, admitindo todos os seus géneros."
Também partilho da ideia de que:
"O Sporting precisa de voltar a entrar nas discussões entre sportinguistas como algo em que se projecte o futuro."
aliás o que aqui tenho escrito tem ido de encontro a essas ideias.
No entanto a minha opinião pode pouco contra a vontade a inacção, comodismo e inércia dos restantes consócios.
Ao menos, para minimizar as perdas, que se desfaça um trio fatal de incompetentes. Vieira não se tornou melhor presidente depois de contratar Jesus e também lá teve e tem o seu Costinha, que é Rui.
Mas juntou à equação um treinador que percebe alguma coisa de futebol. Bastou-lhes para voltarem a ser campeões.
Leão de Alvalade,
ResponderEliminarno que me parece que discordamos é da utilidade de quebrar o trio. É verdade que ainda não conhecemos quem, alternativamente, possa decidir no topo. Mas o que JEB tem feito leva-nos a crer que não será complicado encontrar alguém que tenha um projecto sólido para o Sporting. O Sporting é grande demais para ser dirigido por estes néscios.
Tenho também algumas dificuldades em ir buscar inspiração ao Benfica, pois é uma realidade que não conheço e que é também bastante diferente da do Sporting (atente-se, por exemplo, ao facto do Sporting ser tri-campeão de juniores como mero reflexo do potencial que poderia recolher na sua formação). As lógicas do Benfica não são totalmente claras, com a contratação de jogadores em número suspeito e por preços ainda mais suspeitos. Isto apesar de meritoriamente ter sido campeão.
Digo isto porque, como para a vitória de ontem ou para o campeonato de 2001/2002, só a sustentabilidade das políticas prosseguidas permite atingir vitórias com regularidade.
Deixo uma cavaca na fogueira. Escrevi aqui e noutros sites do clube que era fã do Mário Patrício. Este fim de semana mostrou que as amadoras mostram ambição, garra mas acima de tudo qualidade. Para mim o director geral tem muito a ver com isso. Pergunto: Não será Mário Patrício um nome a ter em conta para a estrutura do futebol? ou no mínimo alguém do mesmo perfil???
ResponderEliminarTiago,
ResponderEliminarPartilho da tua opinião.
Fomos campeões nacionais de futsal mas mesmo assim não chega, somos Sporting, queremos mais, com melhores jogadores e melhor treinador. Foram-se buscar ainda mais bons jogadores para juntar aos que lá estavam e provavelmente o melhor treinador de futsal da actualidade.
Investimos fortemente no Andebol nesta temporada com bons jogadores e jovens mas mantínhamos um treinador tenrinho e inexperiente. Com os maus resultados a começarem a aparecer, chegou a hora de substituir o treinador por outro experiente e campeão. Este fim-de-semana fomos á luz dar na boca aos avermelhados.
Precisamos no futebol de ter bons jogadores mas também um treinador experiente, inteligente e com estofo de campeão. Mas acima de tudo começar por ter alguém que, de cima, saiba comandar as tropas e ter esta visão.
Precisamos de um Mário Patrício no futebol!!!
O JEB e o Costinha estão a destruir o futebol do Sporting de uma forma que vai demorar anos a recuperar, os anos necessários a os tricampeões de juniores entrarem no plantel principal. Porque os jogadores da casa que tinham algum valor extra eles despacharam, como fizeram com o Moutinho (claramente não soube gerir a questão e a teoria da maçã podre foi uma forma de encobrir a incapacidade e ingenuidade dos dirigentes), o Veloso (como dizem muito bem, o Zapater é muito fraquinho, comparem o rendimento e a qualidade de passe dele com a do André Santos), e no futuro acontecerá ao Carriço e ao Patrício (são os únicos que eu vejo a dar retorno financeiro a médio prazo). Entretanto vão queimando o Yannick e o Saleiro na incapacidade de os encaixar no modelo do Paulo Sérgio, e vão criando todas as condições para um desfecho desastroso no que diz respeito ao Izmailov.
ResponderEliminarSe eu quisesse intencionalmente destruir o futebol do Sporting, dificilmente seria capaz de tanto em tão pouco tempo.