O vício
O momento que se vive no futebol, e que trás em sobressalto a a família Sportinguista, nada tem a ver com fado, sorte ou azar. Tal como as grandes equipas não se formam do nada, antes resultam de planeamento e esforço continuado, as más acontecem exactamente do oposto. Com a diferença que para fazer mal não é preciso tanto tempo e dedicação como o exige a excelência.
Os sinais de que íamos no caminho errado atropelavam-se aos nossos olhos, mas mesmo assim preferimos ignorá-los. Não só da parte de quem tem o poder de decidir, mas também a grande maioria dos adeptos. Eu que, não tenho dons advinhatórios, escrevia aqui em vésperas de Natal do ano passado:
“O futebol do Sporting vive sob o signo de uma dieta apertada, em que na, maioria das ocasiões, é servido sob a forma de uma canja desenxabida: os golos são poucos, as exibições quando não são medonhas (Paços de Ferreira, Leixões) são frustrantes ou sensaboronas (quase todos os jogos restantes). De vez em quando a esquálida sopa vem acompanhada de um filete de mortadela rançoso (a eliminatória da Taça foi bem jogada, mas perdida) ou um bife de 2ª (a vitória na Supertaça). Filé mignon? Já lá vão tantos anos, que a maior parte dos sportinguistas já nem se deve lembrar da textura ou do sabor.
É esta a dieta que Paulo Bento nos serve, invariavelmente, há quase 4 anos. Passado todo este tempo a ementa permanece igual. E os sportinguistas se não gostam, comem calados e quase nem protestam. Dizem que dantes não se comia e, apavorados com a peste e a fome que alguns dizem que se instalará a seguir, preferem manter o pouco mas certo de Paulo Bento. O medo de ousar mudar parece ter-se instalado. Os sportinguistas parecem temer uma crise intestinal se lhes derem algo mais condimentado que este futebolzinho tipo pãozinho sem sal.”
Quando escrevi isto ainda não tínhamos jogado os quartos-de-final com um dos piores Bayern´s dos últimos anos. Mas já havíamos perdido por 4-1 em Leiria, no fecho da época anterior, uma das piores, em termos exibicionais, que tenho memória. Começamos a época 2008/09 mal, sendo humilhados em Madrid, em casa com o Barcelona e à 6ª jornada o campeonato era uma miragem. A repetição do 2º lugar no final, o jogar Paulo Bento como cartada eleitoral, trouxe-nos aonde nos encontramos hoje.
Pagamos um alto preço pelos 2º´s lugares e Supertaças que PB nos trouxe. Não porque esses títulos não tenham sido meritórios e valorosos e especialmente difíceis de alcançar, nas circunstâncias em que foram alcançados. Mas não passaram de ópio para o povo Sportinguista e, em especial, para quem dirigia. O alto preço que pagamos chega-nos em amargas prestações semanais de mau futebol, maus resultados e num clube dividido em torno do seu treinador.
As primeiras vitórias trouxeram-nos a euforia. Um campeonato por um ponto, vencedores caso este tivesse acabado 45 minutos mais cedo, instalou a certeza onírica que ser campeões era fatal como o destino. Substituímos a exigência pela complacência com os nossos pequenos feitos. Ao invés de querermos ser melhores achamos que éramos suficientemente bons, encontrando no orçamento, na pretensa juventude do plantel e outros o vício da desculpa. Os sintomas da nossa decadência são hoje tão evidentes na nossa equipa como num qualquer toxicodependente. Já não retiramos qualquer prazer deste vício, tememos a vida sem ele.
A gratidão para como os serviços prestados por PB não pode ser a desculpa para deixar tudo como está. Prolongar a sua estadia é prolongar um estertor, é sujeitá-lo a um castigo imerecido. As suas culpas são bem menores do quem tinha como missão dirigir, decidir, analisar e prever. Num clube com estratégia PB não teria definhado, antes seria obrigado a crescer e ser melhor ou a procurar outro caminho, o que não se consegue com palmadinhas nas costas. Foi por isso que ele se tornou um dos problemas deixando de ser solução.
Ninguém, mesmo que eleito por unanimidade e aclamação, tem mandato para prejudicar o Sporting. Esse mandato foi-lhe conferido para resolver os problemas do Sporting e não para os agravar. É isso que se pede hoje e sempre a JEB e aos corpos sociais do Sporting.
LdA,
ResponderEliminarolé.
Era o que queria escrever hoje: é a nossa função não deixar sequer que se pense que o problema do Sporting é de resultados e destes resultados.
O problema é de método e de conceito, muito mais do que resultados ou de dedicação e/ou trabalho.
Não é um problema de investimento, mas um problema de aproveitamento: os sportinguistas aceitam que não se invista (embora queiram mais e sobretudo melhor investimento, o que na minha opinião é muito falacioso), mas não aceitam que se jogue recorrentemente mal contra quem tem menos recursos.
Como dizia na temporada 2007/2008, o Sporting poderia ter perdido o campeonato mas ganho os adeptos e a competição das boas exibições. Porque só com boas exibições (muito mais do que com vitórias, senão veja-se como em todas as temporadas a assistência média foi decrescendo) se fideliza e só com boas exibições se projectam valores no mercado.
Mas estas exibições não são surpresa nenhuma: é preciso ter presente que grande parte das vezes que PB disse que o Sporting jogou bem, a maioria das pessoas discorda. E que o treinador preferido do Barbosa é o Octávio Machado.
Como digo (há muito), estes 2 senhores não têm a cultura de Sporting. E não é por terem sido (de coração) de outros clubes, mas por terem sido formados noutros clubes.
Mas há um resultado que ilustra bem o problema do Sporting: o das GB vendidas. A medida do seu decréscimo é proporcional ao desinteresse dos sportinguistas pelo futebol. Não lhes tira a paixão, mas retira-lhes a participação.
Pagamos um alto preço pelos 2º´s lugares e Supertaças que PB nos trouxe. Não porque esses títulos não tenham sido meritórios e valorosos e especialmente difíceis de alcançar, nas circunstâncias em que foram alcançados. Mas não passaram de ópio para o povo Sportinguista e, em especial, para quem dirigia. O alto preço que pagamos chega-nos em amargas prestações semanais de mau futebol, maus resultados e num clube dividido em torno do seu treinador.
ResponderEliminarmt bom!
Entre o terrorismo e a toxicodependência, tenho de pensar seriamente se a melhor solução não será o suicídio.
ResponderEliminarMudar de vida parece-me melhor opção.
ResponderEliminarEu acho que o JEB leva a sério a frase "Rehab is for quitters".
ResponderEliminarleao...
ResponderEliminarMuda de vida
Se tu não vives satisfeito
Muda de vida
Estás sempre a tempo de mudar
Muda de vida
Não deves viver contrafeito
Muda de vida
Se há vida em ti a latejar
Ver-te a sorrir, eu nunca te vi
E a cantar, eu nunca te ouvi
Será de ti ou pensas que tens
Que ser assim
:(
Depois deste Presidente ter chamado "Terroristas" aos adeptos visionários e revoltados, entre os quais me incluo, acho que tão cedo não vou fazer as pazes com ele.
ResponderEliminarPerdeu a cabeça e esqueceu-se que um clube desportivo precisa de todos, digo mesmo "de todos" os adeptos que possam levar e elevar o nome do clube bem longe.
Ainda hoje não acredito que ele disse uma barbaridade daquelas.
Estou triste!!!!
Agora até as vitórias do SCP com o Paulo Bento são um problema,essa do jogar bem e perder é interessante...para encher chouriços.
ResponderEliminarLdA:
ResponderEliminarAinda há pouco afirmava isto: 'este SCP de PB é uma droga q só proporciona bad trips'
E já de há mt que é assim...
Olá
ResponderEliminarPodemos fazer uma troca de links?
Já tenho este blog no meu site.
O Link é o seguinte:
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Este site pretende fazer uma lista sobre os melhores blogs sobre o Sporting...
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Abraço