A frase não é minha é de Bruno Prata, cronista do Público, que, num longo artigo, reflecte sobre a situação que se vive no Sporting.A reflexão faz ainda mais sentido quando se sabe que hoje a equipa partirá para a Madeira chefiada precisamente pelo director-geral, orfã portanto de qualquer dirigente ainda em funções. O artigo é extenso e mereceria uma análise mais profunda do que a que aqui vou levar a efeito mas não quero desviar-me do essencial.
Couceiro já foi presidente do Sindicato de Jogadores, administrador da SAD do Alverca, director desportivo do próprio Sporting, treinador de vários clubes, incluindo o FC Porto, e seleccionador dos sub-21. Já treinou a selecção e um clube na Lituânia e experimentou também o futebol turco. Na generalidade, foi-lhe sempre elogiada a competência e a capacidade de gestão quer dos processos, quer das relações humanas. Apesar de não fazer alarde disso, até o facto de ser sobrinho-neto de Fernando Peyroteo lhe pode facilitar a vida, pelo menos entre os que ainda têm memória d’“Os Cinco Violinos”.
Com ele, e a menos que surja um mecenas caído do céu, o Sporting continuará a não ter dinheiro para grandes aventuras. Mas terá, pelo menos, alguém que entende e sabe actuar no intrincado futebol português. E que é capaz de destrinçar o essencial do acessório. Couceiro sabe como poucos que a aposta na Academia de Alcochete deve ser valorizada, hoje mais do que nunca, até pela nova realidade que irá resultar do fair play financeiro que a FIFA vai impor. Sabe igualmente que isso tem de ser coordenado com uma política sagaz no que toca à exploração do mercado nacional, que comporta menos riscos. Claro que haverá sempre necessidade de recorrer aos jogadores estrangeiros, mas sempre numa lógica de complementaridade e de promoção e negócio futuro. O Sporting precisa de aprender a vender melhor e na altura certa, mas até para isso vai ser preciso dar outra credibilidade a um plantel hoje muito desvalorizado.
Depois, Couceiro conhece também os meandros do dirigismo português e saberá também o que o Sporting precisa de fazer para voltar a ter um papel influente e interventivo nos órgãos decisórios, algo que há muito vem sendo desprezado.
Mas, para que tudo isto funcione, o Sporting precisa de encontrar um presidente que se concentre essencialmente nos dossiers em aberto, na gestão financeira e na criação de novas receitas. E que reduza ao mínimo a sua exposição mediática, não tenha a tentação de reclamar a pasta do futebol ao primeiro resultado negativo e não ceda às ameaças das claques.
Demos então de barato que Couceiro possui as qualidades que o carácter laudatório do artigo lhe confere. Mas, mesmo que assim seja, o futuro presidente do Sporting terá sempre que assumir a primeira linha do dossier mais importante do clube que é o futebol. O próximo presidente do Sporting não tem que perceber de futebol, do ponto de vista técnico-táctico, tem acima de tudo que ser um bom decisor, mesmo que as ideias que lhes estejam subjacentes não sejam da sua autoria. Por mais preponderantes que sejam os directores e por mais avisadas que sejam as assessorias, o rosto da decisão tem de ser o presidente.
É que o presidente do Sporting não pode apenas festejar os êxitos e, se as coisas correrem mal, mandar os adeptos e comunicação social pedir explicações ao director-geral. Não vejo como um presidente se possa resguardar do insucesso. Não se pode ser líder apenas na hora de festejar. Assim, até eu poderia ser presidente do Sporting, o que, obviamente, está muito longe de ser verdade.
Pela descrição com que actua, pela qualidade do dicurso que apresentou nas poucas vezes que falou, por algumas ideias soltas que vão sendo noticia e com as quais eu concordo, é sem dúvida uma mais valia.
ResponderEliminarEu diria que, teoricamente falando, Couceiro tem tudo para ser uma mais valia para o SCP. Tem a experiência e conhecimento necessários para estar numa cargo de director, conhecendo muito bem o futebol português.
ResponderEliminarResta ver se consegue pôr tudo isso na prática.
Também eu acreditava que o Costinha poderia trazer alguns dos "ensinamentos" que aprendeu no Porto. Bem, ele até fez questão de cimentar o seu autoritarismo, por vezes em questões triviais, mas o problema, ao contrário do clube lá de cima, é que o Costinha não é o número 1, e é o número 1, o Presidente, o principal disseminador de exigência.
ResponderEliminarSobre Couceiro, duvido do seu sucesso do nosso clube, até porque ele simboliza JEB, simboliza uma gestão que dificilmente terá cópia no próximo presidente. É como, permitam-me, um gajo "namorar" uma chavala com "bagagem".
Começar de novo é isso mesmo, é começar de novo, é afastar pessoas que, não tendo culpa - não teve tempo suficiente no cargo para ser responsabilizado -, representam o passado.
Queremos o melhor para o Sporting, sem dúvidas, mas tudo começa com um presidente líder, hábil, capaz nas suas funções.
Saudações Leoninas
Concordo com Bruno Prata no que toca à importância da Academia qndo a partir de 2013 o fair-play financeiro se tornar uma realidade. Depois de quase uma década a apostar na Academia será um erro abandonar totalmente esta política de aposta nos jovens que parecem preconizar alguns iluminados que vêem aí o motivo da sequia de títulos.
ResponderEliminarLeão de Alvalade,
ResponderEliminarno Sporting, facts are stranger than fiction.
Há dias Público publicava este artigo que cita, do qual destaco a seguinte passagem: " Couceiro sabe como poucos que a aposta na Academia de Alcochete deve ser valorizada, hoje mais do que nunca, até pela nova realidade que irá resultar do fair play financeiro que a FIFA vai impor."
Hoje O Jogo diz mais ou menos a mesma coisa, referindo que "Outra área a sofrer renovada atenção sob a liderança de Couceiro prende-se com maior ligação entre as alas de formação e profissional da Academia. A troca de informação e as relações entre os diferentes gabinetes querem-se ainda mais aproximadas e concertadas."
Pois bem, e qual o resultado dessa acrescida(?) coordenação? A convocação do Zézinho para o jogo do Funchal, precisamente depois de sábado ter jogado os 90min contra a UDLeiria (3º classificado da zona sul). Bela coordenação!
A única pergunta que gostava de fazer, ao Bruno Prata ou ao Filipe Alexandre Dias é porquê? O que receberam em troca? Qual a justificação para estes "artigos"?
É que nós, sportinguistas críticos, ficamos um bocado cansados de ver repetidas vezes afirmado que os que lá estão são os melhores da Terra e arredores e depois, quer no cômputo geral, quer no particular (a articulação com a formação demorou menos de 24h a ser posta em causa), constatamos que os resultados, enfim...
Se não levares a mal adiciona-me ai ao lado:http://sportingesonossogran.blogspot.com/
ResponderEliminarPLF,
ResponderEliminaré interessante a notar as contradições de Bruno Prata:
Por um lado diz que "Tivesse a equipa de futebol conseguido resultados aceitáveis e ninguém lhe estaria agora a atirar à cara os três directores desportivos, outros tantos treinadores, o “Paulo Bento forever”, etc, etc
Para depois concluir no paragrafo seguinte que: "Bettencourt falhou em toda a linha na gestão desportiva. Por culpa própria ou por delegação. E nunca foi eficaz no teor e no timing das mensagens que pretendeu passar."
Assim sendo, isto é, falhando em toda a linha na gestão desportiva, como podia a equipa ter alcançado os tais resultados aceitáveis?
Por outro lado não passa despercebido que BP se esforce por encaixar Costinha na estrutura. O que ele não percebe ou não quer perceber é que a entrada de Couceiro é uma censura implícita ao trabalho de Costinha e/ou o reconhecimento de que o organograma foi mal estruturado.