Tchau, Bambino, tchau, tchau, tchau
O Sporting é realmente um caso único no panorama desportivo mundial. Juntamos agora à maldição do 7, ao coleccionismo de capitães vendidos/dispensados/corridos, à novidade, já quase tradicional, da demissão de Presidentes com ou por causa de maus desempenhos de equipas técnicas.
Para mim demissões nunca constituem momentos dramáticos, antes desafios óptimos para poder avaliar e inovar o nosso trabalho, talvez porque ao longo da minha carreira profissional fui recorrentemente confrontado com a demissão de elementos importantes da estrutura produtiva onde estou inserido. O momento em que ocorrem é sempre péssimo, temos sempre a sensação de que deveria ter sido um mês antes ou no mês seguinte, mas como estamos a falar de factos consomados aprendi que o momento ideal é aquele em que acontece. Tal como nos divórcios o pior que pode ocorrer é deixar a relação degradar-se para lá do tolerável.
Bettencourt atinge o seu limite no momento em que para mim tinha reunido condições para poder mostrar algo de positivo, reestruturou o funcionamento do clube, as finanças, toda a estrutura do futebol, podia agora com pequenos ajustes aos erros que inevitavelmente qualquer pessoa que decide comete ter algum trabalho de qualidade, não que aquilo que foi feito antes tenha sido fácil mas não é visível nem nos enche a alma.
Tenho dificuldade em perceber as alegrias e euforias que por ai correm, a demissão de um Presidente é uma derrota do Sporting e isso significa que falhámos, que os projectos nos quais o Sporting se envolveu não tiveram o resultado esperado. Cada vez mais sinto a urgência de sucesso (seja em que área for desportiva ou financeira), não é o próximo projecto que tem de dar certo, era este, infelizmente continuo a detectar muito mais vontade de mudança do que de estabilidade. O que é bom é mudar quem está, não interessando os méritos que a sua acção tenha, para permanente destaque dos erros que sempre vão ocorrer. A regra ou o ditado que diz “Cada vez que apontas um dedo, tens quatro a apontar para ti.” faria muitas vitimas entre os Sportinguistas.
Julgo que o período que se avizinha não vai ser pêra doce, concordo com o Leão de Alvalade relativamente ao que deve ser feito, renúncia da restante Direcção (têm agora uma oportunidade para se conhecerem…) e marcação de eleições para meados ou finais de Março. O problema que não me sai da cabeça é, penso que essas eleições vão ficar vazias de listas concorrentes, ficando aí sim uma situação difícil de resolver. Seguir-se-á uma direcção de gestão eventualmente cooptada e o avolumar de criticas inconsequentes ao estado a que chegámos.
A futura Direcção eleita, encabeçada seja lá por quem for, seja ela formada por figuras publicas ou jovens lobos, tenha um projecto em magníficos powerpoints ou em papel reciclado, vai debater-se com uma realidade difícil que lhe vai limitar a acção tenha boas ou más intenções. Essa realidade é interna e externa ao Sporting. Se alguém quiser um bom programa eleitoral é simples, basta pegar no documento final do recente congresso e dizer este é o meu programa.
Continuamos todos órfãos de uma terceira via, que em vez de promessas de continuidade ou revolução, permita sim uma evolução, há méritos muito grandes na estrutura actual que é preciso não degradar e muito trabalho a fazer no emagrecimento de uma estrutura ciclópica que pouco oferece ao Sporting em termos de celeridade e rentabilidade da sua acção.
Para qualquer projecto ter o mínimo de viabilidade de execução é necessário, Sportinguistas, muitos, todos, aos milhões e que saibam distinguir o que é importante ou acessório na forma como vivem o clube. Alguns desses, poucos, serão eleitos dirigentes, compete-nos dar-lhes condições para vencer as adversidades e apoiar as nossas equipas em campo incondicionalmente.
Ah, antes que me esqueça. Notável é o Sporting!
LMGM,
ResponderEliminarVeremos agora se o Sporting é grande.
Veremos como se estruturará o debate no clube e que ideias oferecerão os sportinguistas ao clube. Aqueles que pretendam vir a liderá-lo, o que é a pretensão legítima de qualquer sportinguista, e aqueles que - por dever de consciência - entendem dever ajudar a construir um futuro melhor, mais participado, no clube.
O Sporting, mais do que nunca, precisa dos sportinguistas. E espera dos seus sportinguistas ideias construtivas, desenvolvidas e sustentáveis.
Esse é o maior desafio da vida do Sporting porque é o que se segue.
"Continuamos todos órfãos de uma terceira via, que em vez de promessas de continuidade ou revolução, permita sim uma evolução".
ResponderEliminarCom esta frase dizes tudo, mas espero sinceramente, que apareçam candidatos, era pessimo, não irmos para eleições por falta de candidatos.
SL
LMGM:
ResponderEliminarDe acordo com a maioria das ideias expostas. Apenas 'estranho' dois pontos focados. A saber:
1.º ponto - Não notei nem alegria nem euforia... Mas tb é verdade que me concentrei apenas na blogosfera e, dentro dela, apenas nos blogues que costumo frequentar e ainda programas televisivos especiais pela madrugada de domingo dentro... Pelo que admito possa estar enganado e tenha existido algum 'foco', mais radical, de satisfação pelo falhanço de JEB. De qlq forma a existir estou convicto de que não terá sido o sentimento predominante no seio da família sportinguista.
2.º ponto - vontade de mudança. Isso sentia e muita. Qd o que se tem é notoria e comprovadamente mau, julgo que a vontade de mudar é mais do que natural e legitima. Isto no meu ponto de vista, que é a de alguém que gosta mt do SCP, mais até do que aquilo que se calhar deveria gostar. Digo isto, pq por vezes chego a trocar a atenção e tempo que devo à minha família em prol do nosso clube... Não me interprestes mal, eu gosto mt do tempo que dedico ao SCP, apenas sinto que, nos tempos que correm, o tempo é um bem cada vez mais escasso e dificil de gerir, levando a alguns 'desconfortos de cosnciência'.
Posto isto, devo dizer que o meu primeiro sentimento pós-demisssão de JEB foi de alivio... e o segundo uma mistura grande de apreensão (pela possível cooptação) e esperança (nas futuras eleições e no que poderá resultar delas). Considero como uma, talvez das ultimas, janelas de oportunidade para o SCP.
Como diz o PLF: está na hora de tirar a prova dos nove e atestar a actual dimensão do SCP. Seremos capazes de enfrentar o desafio que se nos apresenta?
Abraço.
Depois de tudo o que foi feito, do ponto de vista desportivo e do ponto de vista financeiro, e se considerarmos que o rosto máximo, o principal responsável, se demitiu, a única solução possível (e admissível) é a seguinte: demissão de todos aqueles que o acompanharam, porque estes representam escolhas, e quem escolheu, sabemos bem, fugiu, demitiu-se.
ResponderEliminarLMGM, muito bela reflexão essa.
ResponderEliminarCentrada no clube, nos acontecimentos. Subscrevo essa noção de que não há momentos certos. Há o que existe, só. E pela minha parte a única coisa que pedia era o mínimo de sensibilidade perante os adeptos, no trato do acto: conter o egoísmo, a necessidade de criação de caso, esperar pela segunda-feira seguinte (hoje) e informar, informar-nos como deve ser.
Perante o acto isto seria o mínimo indispensável, houvesse respeito (que não há) por nós. Passaram 2 dias já, e continuamos sem saber de nada. Não é assim que se fazem as coisas nem é assim que se trata um assunto desta importância.
LMGM, revejo-me também na sua bondade. Ela não é, contudo, mais do que isso mesmo: bondade. Tinha condições ideais a partir deste momento? A reestruturação, o José Couceiro, um contexto em que poderia sair da ribalta e deixar o futebol a outros? Tinha. Mas LMGM, de que nos vale esse "tinha" ou "teria" se as ideias não só não existiam como ... eram as erradas?
Eu também gostava que ele tivesse sido um bom presidente mas não há muito exercício de fé que possa passar uma borracha sobre aquilo que aconteceu ao futebol do Sporting.
Não há maldições algumas. Há simplesmente maus actos de gestão e você refere uma das suas esferas: contínuo empobrecimento do futebol do Sporting que o fez chegar ao desplante de vender capitães a clubes rivais. LMGM esta acção teve um responsável e esse responsável demitiu-se. Como é possível não sentirmos alívio nesta situação?
Significa por si só um arco-íris?
Não, mas era o 1º passo. Sem este não haveria oportunidade de mudança, e ela agora existe. Será concretizada? Veremos.
Subscrevo também a sua noção de rejeição de euforias. Não há motivos para euforia caso a 2ª metade do problema não seja atacada: o efectivo corte com toda uma série de práticas instituídas no clube que conduziram ao emagrecimento do seu valor desportivo, no futebol. Causa? Não faço ideia. Desde incompetência a crime, passando por pouca sensibilidade para o futebol. Seja lá qual for a causa - importando apurá-las para eliminarmos ou procurarmos agir sobre a hipótese de crime - o relevante é interrompe-las. Já, porque importa recuperar muita coisa e nós temos condições para recuperar. Recuperar depressa, porque somos felizmente um clube dotado de muito valor.
LMGM, só uma pequena nota ainda em relação a este post e aos anteriores do Leão de Alvalade:
É falso que não existam ideias e que sobre elas não possamos emitir juízo. Há pelo menos um grupo de pessoas que sabemos - assim queiramos ir ver o que nos dizem - ao que vêm, caso venham. O Paulo Pereira Cristóvão, findo o acto eleitoral último, continuou a fazer-se presente. O seu programa continua no ar, as suas intervenções existem, e perante a sua qualidade é muito injusto repetirmos a noção de que há um vazio qualquer de alternativa.
Não, não há.
Ainda que mais ninguém apareça, há pelo menos uma alternativa, alternativa essa de imenso valor. Gosto das ideias, gosto das pessoas que o acompanham e gosto do estilo como se conduz.
Sem preconceitos, de forma simples, despretensiosa e rápida é muito fácil estarmos a par daquilo que o "Ser Sporting" tem para nos dizer. E aquilo que nos dizem é uma alternativa e pêras. Ao pé do passado recente seria um paraíso, arrisco dizer.
LMGM:
ResponderEliminarTerá JEB saído de facto por causa do mau desempenho do PS? Não me parece e se assim foi diz muito da preparação para o cargo do presidente demissionário.
Concordo que nenhuma demissão tem o timing certo,no caso de JEB há a gravante de sair,por vontade própria, após 1,5 de ter sido eleito de forma retumbante.
Estaria a relação JEB/clube esgotada tornando obrigatório este desfecho? Creio que não, porque julgo que a base de sustentação em que se baseou a sua eleição ainda subsiste. Digo isto em prejuízo da minha opinião pessoal. JEB precisava "apenas" de tomar melhores decisões sobre o futebol e aí não sei se seria capaz de inverter o sentido geral que pautou o seu mandato.
O aparecimento ou não de candidatos depende essencialmente da decisão que será tomada amanhã. Se o caminho for a cooptação não espero nada de bom para os próximos tempos. Se o caminho for as eleições veremos que prazos serão concedidos e que candidatos surgirão para perceber melhor se a saída de JEB está ou não acautelada. Se houver a ideia de chapelada isso afastará os melhores e ficarão apenas os que não têm nada a perder.
Depois o Sporting faz-se da vontade dos Sportinguistas e aí podemos dizer que os Sportinguistas têm sido demasiado permissivos com o que se tem passado no clube. Sem uma mudança de atitude dificilmente mudaremos de caminho.
MM,
ResponderEliminarPosso assinar por baixo?
Concordo inteiramente e na sua plenitude com o comentário, muito bom, parabéns.
ResponderEliminarhttp://ideaisleoninos.blogspot.com/
Saudações Leoninas
Seguirei agora com atenção as palavras do Dias Ferreira
ResponderEliminarPLF, um desafio, bem colocado.
ResponderEliminarVirgilio, sobre o primeiro ponto, não generaliso nem acho que seja um sentimento predominante, mas existe e é significativo.
Sobre o segundo ponto, o sentimento de mudança é constante e transversal, até nos Presidentes se sente isso. Parece que no dia em que são eleitos ficam ansiosos por se ir embora.
Daniel, a Direcção está legitimada em eleições, não acredito que continue mas se pensar que consegue tem legitimidade para tal.
AGonçalves,
ResponderEliminarNão disse infelizmente nada de mais. Tudo coisas muito simples enfim, porque não sabemos nada deste momento. Mas podemos e devemos ir fazendo um desenho mental daquilo que queremos para o futuro, caso sejamos chamados a intervir.
E iremos ser, daqui a 2 meses ou no fim da época esse chamamento virá, porque mesmo num cenário de cooptação terão de haver eleições.
Aí, como dizem, logo veremos que tipo de clube somos. Tenho a certeza que saberemos estar à altura do momento porque já os últimos 90% tiveram - julgo - a expressão de algo diferente. Não foi o "Paulo Bento forever" que o meteu lá. O que o meteu lá foi a tal aura de Sebastianismo, a juventude, o regresso de uma qualquer paixão muito forte. Para nossa infelicidade no seu interior estava também uma pessoa cheia de más ideias, francamente pobre na hora de julgar e decidir e cheia de dificuldades nas coisas mais simples, como o comunicar ou dirigir-se aos seus adeptos.
Mantenhamos a mesma vontade de mudança mas tenhamos mais tino na hora de avaliar, na percepção que fazemos de qualquer coisa. Eu emendei a minha percepção, e espero que mais gente tenha feito o mesmo.
O Sporting precisa de acerto.
Abraço.
MM, Bettencourt nunca teve uma equipa estável a dirigir o futebol. Teria agora, foi embora... para isso fazia mais sentido sair com Ribeiro Teles.
ResponderEliminarLdA, respondendo às tuas questões.
ResponderEliminar"Terá JEB saído de facto por causa do mau desempenho do PS?" Não, por sucessivos maus desempenhos no futebol. Na minha opinião o actual era o mais simples de resolver do seu mandato. Provavelmente assumiu que não era capaz, nem a sua equipa, de fazer melhor.
"Estaria a relação JEB/clube esgotada tornando obrigatório este desfecho?" A relação Clube/JEB não estava esgotada, a JEB/Clube só ele poderá dizer, aparentemente sim.
"O aparecimento ou não de candidatos depende essencialmente da decisão que será tomada amanhã."
O aparecimento de candidatos depende da vontade e condições de cada um para avançar, se depender de terceiros o melhor é vestir o cachecol e ir ter comigo às bifanas.
"Se o caminho for a cooptação não espero nada de bom para os próximos tempos."
Não aceito nenhuma cooptação de qualquer sócio fora dos eleitos para a Direcção. Aceito que um Vice assuma a Presidencia, acho que vai correr mal mas tenho por legitimidade democrática de aceitar. Não se elegem Presidentes, mas sim Direcções.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarEis o que penso que irá acontecer:
ResponderEliminarIrão ser marcadas eleições para finais de Fevereiro. Uma das listas candidatas será encabeçada por Nobre Guedes e os restantes membros da direção, com Couceiro, Costinha e Paulo Sergio a continuar em funções. Logo aqui esta fica riscada por mim, já que não quero Paulo Sergio no clube.
Uma outra lista virá do Ser Sporting. Esperemos que desta vez sem PPC e Eriksson. É que se o projecto até é interessante, aquelas duas pessoas são a personificação do desinteressante.
Outra lista deverá aparecer, muito possivelmente de Pedro Souto ou alguém muito proximo dele. Esperemos que desta vez não renuncie em favor de ninguém, porque isso não lhe fica bem.
Possivelmente poderá aparecer outra lista de alguém que não terá estado na ribalta.
Bom texto, concordo em geral com a análise feita.
ResponderEliminarJá tinha dito que achei o timing péssimo.No momento mais difícil não se abandona o barco.Como disse, este presidente revelou-se um beto sem preparação nenhuma. Só disse asneiras, armou confusão e não percebe nada de futebol.
O momento não é para euforias. Concordo!
A grande frustação prende-se, quanto a mim, com o facto do maior culpado disto tudo se manter no cargo que destroi os sonhos dos adeptos e do clube. Jeb não prestava mas se tivesse acertado no treinador a história era outra.Se tivéssemos no topo, com um bom treinador, um bom futebol, boas contratações indicadas pelo treinador, a crise pouco ou nada existiria.
Serão concerteza marcadas novas eleições. Pelo menos assim espero. A grande angústia actual é esperar com reservas por algum nome que encha os sportinguistas de optimismo e esperança. É essa a grande dúvida, o grande medo se não surgir e o grande anseio.
E depois veremos também, seja qual fôr a solução, de continuidade ou de mudança, se o treinador vai ser mantido.
Não acredito que os sócios deixarão de se manifestar contra o treinador e parece-me claramente que será pressionado e perseguido porque a tolerância acabou e porque já ninguém o suporta, dentro e fora de campo!
SL
O futuro de facto deveria passar pela terceira via. Uma terceira via capaz de pacificar o Clube e gerar consensos!
ResponderEliminarSerá possivel aparecer essa terceira via?
Quando digo que já ninguém o suporta, dentro e fora de campo, refiro-me ao trabalho que desenvolve dentro de campo e às atitudes e declarações que tem fora de campo.
ResponderEliminarJG,
ResponderEliminarO que entendes por 3ª via?
E digo mais... veremos!!!!!
ResponderEliminarO Sporting precisa duma renovação e para que isso aconteça não pode haver uma solução de continuidade...precisamos de alguém que nos devolva o nosso Sporting, alguém que coloque em prática o lema sportinguista.
ResponderEliminarOxalá não seja mais uma vez...uma oportunidade desperdiçada.